Fontes da Maria
Está em cena uma peça que, pelas notícias que chegam, parece ser alegre e librérrimo desvio da História, Nada a obstar, do ponto de vista da Liberdade Artística, mas convém precisar alguns factos, para sabermos que terrenos pisamos.
Por muita protecção que D. Maria II haja dispensado ao Conde de Tomar & Companhia Limitada, na fase inicial do levantamento popular da Maria da Fonte nada se podia ouvir contra a Rainha. Pelo contrário, davam-se vivas a ela e, antes do acaudilhamento da sublevação pelos notáveis, representantes Legitimistas e, depois, pelo Padre Casimiro,o filomiguelismo, contrariamente ao de outras regiões do País, não era reportado directamente à Figura do Rei exilado, mas, despoletado pela proibição de sepultar os mortos nos templos, à rejeição das inovações legislativas abstractas, sob a divisa Vivam a Santa Religião e as Leis Velhas! Morram as Leis Novas!
Nesta viçosa guarda da Tradição por um levantamento inicialmente feminino, o problema da identificação da figura emblemática que lhe emprestou o nome acha-se razoavelmente sintetizado aqui, mas convém acrescentar que a célebre Maria Angelina, de Simães, se apresentou ao Padre Casimiro, reivindicando ser a verdadeira e única Maria da Fonte, contra outras candidatas. E disso o terá convencido, pois por ele foi considerada heroína e gratificada com a quantia notável para o temo de 4$800 réis.
A versão muito popularizada por Camilo deve ser posta de parte, porque assente nos apontamentos que Ferreira de Mello e Andrade lhe transmitiu, os quais, segundo artigo de Francisco M. M. de Oliveira publicado em 1903 afiança, foi-lhe confidenciado pelo Autor serem obra de ficção, coisa corroborada pelo filho do próprio.
Por fim, a questão da Fonte parece de facto encontrar explicação na estalagem da Póvoa de Lanhoso junto de uma, em que se reuniam as revoltosas, embora a sua proprietária Maria Luiza Balaio nunca haja integrado as insurreições, limitando-se a dar coragem às que nelas entraram, O mais provável é a designação ter sido de origem compósita, em que a noção do local de partida e sua dona se amalgamou às Mulheres de Armas que afrontaram o Liberalismo Cartista.
Por muita protecção que D. Maria II haja dispensado ao Conde de Tomar & Companhia Limitada, na fase inicial do levantamento popular da Maria da Fonte nada se podia ouvir contra a Rainha. Pelo contrário, davam-se vivas a ela e, antes do acaudilhamento da sublevação pelos notáveis, representantes Legitimistas e, depois, pelo Padre Casimiro,o filomiguelismo, contrariamente ao de outras regiões do País, não era reportado directamente à Figura do Rei exilado, mas, despoletado pela proibição de sepultar os mortos nos templos, à rejeição das inovações legislativas abstractas, sob a divisa Vivam a Santa Religião e as Leis Velhas! Morram as Leis Novas!
Nesta viçosa guarda da Tradição por um levantamento inicialmente feminino, o problema da identificação da figura emblemática que lhe emprestou o nome acha-se razoavelmente sintetizado aqui, mas convém acrescentar que a célebre Maria Angelina, de Simães, se apresentou ao Padre Casimiro, reivindicando ser a verdadeira e única Maria da Fonte, contra outras candidatas. E disso o terá convencido, pois por ele foi considerada heroína e gratificada com a quantia notável para o temo de 4$800 réis.
A versão muito popularizada por Camilo deve ser posta de parte, porque assente nos apontamentos que Ferreira de Mello e Andrade lhe transmitiu, os quais, segundo artigo de Francisco M. M. de Oliveira publicado em 1903 afiança, foi-lhe confidenciado pelo Autor serem obra de ficção, coisa corroborada pelo filho do próprio.
Por fim, a questão da Fonte parece de facto encontrar explicação na estalagem da Póvoa de Lanhoso junto de uma, em que se reuniam as revoltosas, embora a sua proprietária Maria Luiza Balaio nunca haja integrado as insurreições, limitando-se a dar coragem às que nelas entraram, O mais provável é a designação ter sido de origem compósita, em que a noção do local de partida e sua dona se amalgamou às Mulheres de Armas que afrontaram o Liberalismo Cartista.
6 comentários:
Caríssimo:
Se não estou enganado, parece-me que a questão da Maria «da Fonte» terá tido a sua origem por a dita Maria ser natural ou residente em Fonte Arcada, povoação junto a Póvoa do Lanhoso, curiosamente homónima da outra Fonte Arcada que terá estado na origem remota da nossa Nacionalidade, ainda aos tempos dos Condes da Borgonha, por D. Teresa ter quebrado o rígido Código Visigótico e doado a povoação à Ordem do Templo, em 1126 ou 1129.
De qualquer modo, parabéns pela excelente e cultíssima resenha que o Caríssimo Amigo fez da questão, salutarmente ao arrepio das tendências «desconstrutivistas» destes «modernos rapazes». Uma lufada de ar fresco!
Parabéns e um grande abraço.
E todos os dias constato que esse espírito perdura, sobretudo entre as mulheres do povo mais antigas: admiro-lhes a energia, dedicação e força, que já não vejo entre nós, as que se lhes seguem...
Beijo
Meu Caro Carlos Portugal,
foi de facto na igreja de Font´Arcada que surgiu o primeiro levantamento feminino contra uma proibição de sepultura em igreja, a de José Joaquim Ribeiro. Mas a designação é posterior e depois de acontecimentos do mesmo jaez haverem tido lugar noutras freguesias.
Muito grato pela Sua benção
Abraço
Querida Cristina,
e eu que estava já a identificar um reavivar desta disponibilidade no inconformismo da minha Minhota Madrinha...
Beijo
...Fonte Arcada, onde existe uma belíssima Igreja Românica, onde as minhas irmãs mais novas fizeram a Primeira Comunhão...
Ah, mas não a Cristina!
Deve ter sido nessa que foi interdita a sepultura, acabando o corpo por encontrar a última morada, após a ameaça das Valentes. Tinha sido igreja de mosteiro Beniditino, não?
Beijo, Querida Amiga
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