segunda-feira, 23 de junho de 2008

O Colo e o Zelo

Fiquei zonzo ao ler que um vigilante abade Boileau publicou, e 1675 um «Traité Sur Les Abuses Des Nudités de Gorge», onde defende que o seio da mulher decotada é o trono de Satanás. Com certeza que o piedoso autor veria com bons olhos qualquer tentativa de um bom Cristão para se apoderar do cadeirão em que o Maligno assenta o seu poder, desbancando-o. Será que não era um ditame puritano, mas um incentivo à vida pia?
Nestas coisas não devemos ficar pelas patentes intermédias, há que apelar para a Cabeça da Igreja, no caso o Papa Pio VI, que passeando com um cardeal, viu uma beldade com o peito muito razoavelmente exposto, onde pousava uma sumptuosa cruz de pedrarias. Tendo o acompanhante chamado a atenção para a beleza da jóia inerte, respondeu a Santidade Sábia: sim, aquela cruz é, realmente bela. Mas ainda mais é... o calvário!
A moda de hoje, embora não cesse de se reivindicar de outorgante de apelo sensual às Senhoras, tem descurado, pelas concorrentes preocupações de liberdade e conforto, este chamariz masculino sem par. Não assim a Rainha Isabel I de Inglaterra, a qual, para promover o acasalamento, momentaneamente em baixa, entre as Damas e Cavaleiros da sua corte, prescreveu às solteiras um decote... até à cintura, por assim dizer, interditando-o de todo às casadas, por querer, concomitantemente, garantir a estabilidade dos casamentos. E a si própria, digo eu, para não assustar os observadores da inovação.

20 comentários:

Tiagojcs disse...

Excelente blog ! parabens ! Entrará directamente para as minhas leituras assíduas

http://catedraldapalavra.blogspot.com/

fugidia disse...

hehehehehe

De facto, andamos um pouquito esquecidas dos amplos e generosos decotes... agora é mais o umbigo à mostra ;-)
Vou ter que rever o meu guarda-roupa (risos)
Beijinho de boa noite, Rép.
:-)

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

eu não esqueci, adoro decotes e sou incapaz de usar golas.

ah, mas eu vim aqui dar-lhe um beijinho especial, porque me lembrei que faz hoje um ano que o conheci, ainda que virtualmente.

abraço

Anónimo disse...

Caro Réprobo, há que zelar por um belo colo e não sejamos tão fudamentalistas, que o seio da mulher decotada é o lavar a vista do comum dos mortais. Já para garantir a estabilidade dos casamentos, neste caso em particular, seria mais eficaz prescrever umas palas aos cavalheiros casados.

fugidia disse...

Ora, palas não servem, que deixam olhar em frente... (risos)
O melhor mesmo é as respectivas "titulares" colocarem-lhes umas vendas, caso não tenham "atributos" superiores à concorrência...
(muitos risos)

ana v. disse...

Meu caro Diácono, parece-me que essa medida da rainha inglesa pecava por uma grave falta de visão estratégica: se os decotes generosos eram proibídos às casadas e aconselhados às solteiras, como é que os casamentos podiam estar a salvo, não me explica? Isso era entregar à concorrência todas as armas!

Anónimo disse...

De facto, um bom decote é um ópimo chamariz. E não há dúvida de que, muitas vezes, será agradável à vista. E olhar e apreciar não implica necessarimente colocar em risco o casamento. Então as mulheres (ainda que casadas) não apreciam um bom exemplar do sexo masculino?! Eu cá aprecio...

O Réprobo disse...

Meu Caro TiagoJCS,
muito obrigado pelas Suas palavras. Considere a casa como Sua, recebê-Lo-emos sempre com muita alegria.
Volte sempre!
Abraço

O Réprobo disse...

Querida Fugi,
é, bem via as Meninas da Linha com essa tentação de expor o biguinho. Digamos que é uma forma de tornear a questão...
Beijinho

O Réprobo disse...

Ainda bem, Querida Júlia, seria crime esconder os dotes que Deus Lhe deu.

Ai, vergonha das verfonhas, raramente esqueço datas, mas é preciso que tenha alguma vez ficado ciente delas. E juro que não tinha ideia de devê-La ao Precursor. Hoje mesmo vou orar em agradecimento por Tal Benesse.
Beijinho

O Réprobo disse...

Querida Fugi,
já vejo as desposadas a colocarem os antolhos nos respectivos consortes e a empreenderem ima dança para ficarem sempre na linha de mira...
Venda seria complicado, pois cegaria também no que lhes respeitasse.
Bj.

O Réprobo disse...

Meu Caro Mike,
brilhante! Justificaria então um novo sentido, regenerador, da expressão "andar à pala"!
Abraço

O Réprobo disse...

Irmã em Cristo Ana,
julgo que a Soberana estaria preocupada com a promoção dos casórios e a concorrência que as de aliança no dedo pudessem fazer às desprovidas dela, inpedindo mais consórcios. Depois de dado o nó, era confiar na competência, de qualquer forma estafam formadas mais famílias, que era o que interessava à Coroa Britânica.
Beijinho

O Réprobo disse...

Querida HI,
pois, olhar não é pecado, salvo em certas vertentes de desafio, quand haja impedimentos.
Acerca da eficácia deste sábio desapar, não esqueçamos que foi a zona raiana da que se tornou decisiva para o Juízo de Páris, o que demonstra a essencialidade da questão, mesmo com consequências bélicas imprevistas.
Beijinho

Cristina Ribeiro disse...

Eu estou com a Hi: aprecia-se o que é belo, independentemente do género, desde que não se caia no mau gosto, o qual redundará da linguagem utilizada: eu sei- sou demasiado susceptível no que a isso se refere...
Beijo

ana v. disse...

LOL! Irmã em Cristo? Acho que mereci essa, Paulo...

Claro, eu estava a brincar. Para a rainha o que contava era a estatística. Até porque o adultério não desequilibrava coisa nenhuma, era praticado por todos alegremente e sem restrições. Quem se zangava cortava uma cabeça aqui, outra ali... coisa sem importância de maior!
Beijinho

O Réprobo disse...

Querida Cristina,
já se sabe, é a diferença entre a Arte e a grosseria. Mas isso em todos os campos, só que neste é mais fácil descambar, pela universalidade e colorações dadas ao Tema, durante séculos, que fazem muito boa gente e a quase totalidade da menos boa ter dificuldade em exergar o limite de onde se não devem esticar.
Beijo

O Réprobo disse...

Querida Ana,
é expressão muito cara ao RAA, que achei adequadíssima para um diácono se referir a Eminente Paroquiana...
Tem muita razão no que diz, até pela biografia materna, o Protestantismo Anglicano da primeira Elizabeth não via no matrimónio um sacramento, mas um jogo, como o bowling, em que as cabeças podiam bem ocupar o lugar das bolas.
Beijinho

Anónimo disse...

Como o escritor francês Bocage também já dizia que as mulheres trazem o inferno no peito.

O Réprobo disse...

Se é no poema que julgo, Amigo Rudolfo, parece-me que é um concepção peitoral mais, huuuum, interiorizada.
Abraço