A História da Carochinha
A Língua da História de Gennady PrivdentsevEste obscuro escrevinhador tem o direito de não gostar do Fascismo e até o (embora seja mais torto) de não gostar de Salazar. Até pode, porque as palavras não custam coisa que se veja, identificar um com o outro, pois há muito que "fascista" passou a ser aquele de que não se gosta. Não vale a pena é comprar o livreco dele, pela amostra desta entrevista. Os grandes argumentos não são assentes em confronto das doutrinas bem diversas: vitalismo, a-religiosidade filorepublicana, expansionismo, modernismo estético umbilicalmente ligado à mensagem política, sindicalismo enquadrado partidariamente versus supra-individualismo tradicional e tranquilizante, Catolicismo de Estado na harmonização das classes, isolacionismo protector, eclectismo não totalitário expresso numa preferência artística, paternalismo governativo sem retirar da militância num movimento partidário o critério de preenchimento dos cargos políticos. A descoberta que este senhor faz é a de que como Hitler matou nazis e Estaline comunistas, continuando cada um a ser o que era, por Salazar ter mandado os fascistas para a prisão e para o exílo... só podia ser fascista! Nem por um segundo refere que purgas partidárias internas são coisa ligeiramente diferente da ilegalização de um partido que lhe queria modificar o regime e não era seu, obrigando os militantes respectivos à reciclagem ou ao castigo.
Um apartezinho - a última coisa que quero é defender Marcello Caetano. Mas dizer assim que outros sustentaram ser ele um criptocomunista é enganar o pagode, pois inculca que se estaria a falar dos princípios do político em questão (admitindo generosamente que tivesse algum), não já do que se tratava, da intenção de pactuar com os comunistas, sobretudo, mas não apenas, em matéria da entrega ultramarina.
A História vive a longa noite das línguas compridas...
Um apartezinho - a última coisa que quero é defender Marcello Caetano. Mas dizer assim que outros sustentaram ser ele um criptocomunista é enganar o pagode, pois inculca que se estaria a falar dos princípios do político em questão (admitindo generosamente que tivesse algum), não já do que se tratava, da intenção de pactuar com os comunistas, sobretudo, mas não apenas, em matéria da entrega ultramarina.
A História vive a longa noite das línguas compridas...
14 comentários:
«A História vive a longa noite das línguas compridas...» escreveu muito bem o meu Caríssimo Amigo. E eu acrescentaria «... e viperinas».
Mas não há quem mostre o ridículo em que caem estes pseudo-historiadores? Parecem zombies a quem fizeram uma lobotomia... Irra!
Grande abraço.
Ehehehehe, grande imagem, Caríssimo Carlos Portugal! Mas a ligeireza é tanta que chego a pensar se não será mera auto-promoção, em vez de coisa mais séria, que, evidentemente, levaria mais tempo a conseguir entrevistas.
Abraço
Caramba, cilindrou o homem, Paulo!
Já me ri consigo, mesmo não concordando inteiramente.
Beijinho
Querida Ana,
mas foi o dito plumitivo que se deitou à frente do rolo compressor...
Imagino que a parte da discordãncia esteja na veneração pelo Génio que nos governou. Continuarei a empregar-me a fundo, para convencê-La.
Beijinho
Acertou em cheio, Paulo. Não venero esse "génio", e sugiro que não gaste tempo e energia a convencer-me do contrário. Há tantos outros assuntos, tão mais interessantes!
Beijinho
Mas sabe que sou um rapazote persistente. E uma intenção tão digna não é incompatível com as trocas de impressões sobre outros tópicos, ou tem-me na conta de monotemático?
Beijinho, Querida Ana
Gostei de ler, Meu Caro. E sem que nada o prevesse, lembrei-me da Noite dos Facas Longas de Hans Hellmut Kirst.
previsse... assim é que é.
Caro Paulo,
uma excelente e demolidora crítica sobre esse "obscuro escrevinhador".
É gente deste calibre que está a "reescrever", ou melhor, a falsificar a História. Grandes estoriadores...
A sua crítica está no Pt.NoMedia (http://pt.no-media.info/)onde é artigo principal.
Tentei, na verdade, Meu Caro Mike, uma parafrase simplex, com essa afamada noite de depuração da linha Strasseriana e das cúpulas das SA ligadas a Röhm, dentro do NSDAP, juntando-lhe a falácia em voga no PREC da "longa noite fascista". Deu isto.
Abraço
Meu Caro Nonas,
sou estragado com mimos!
Há historiadores de que discordo irremediavelmente em pressupostos, métodos e conclusões, mas que oferecem base séria para discussão, como João Medina. Sem ler o livro deste outro curioso, apenas pela amostra promocional, vejo que não há espaço para lhe dedicar atenção semelhante.
Abraço
Caro Paulo,
O João Medina, autor de "Salazar e os Fascistas" e de um texto n` "A Cidade", revista cultural de Portalegre, saída no n.º 2-especial de Julho/Dezembro de 1988, intitulado "Sardinha anti-semita", oferece "uma base séria para dicussão"?
Considera o João Medina historiador?
Para mim, é um estoriador!
Um abraço,
Nonas
Caro Nonas,
enquanto eu for eu, nunca deixarei que a oposição de posicionamentos influa no julgamento do gabarito intelectual.
Assim, há pensadores com conclusões completamente inversas das minhas, por quem tenho consideração intelectual: Eduardo Lourenço, Manuel de Lucena...
Depois há publicistas a que sou estranho, por os acreditar motivados por antipatias ou simpatias pré-concebidas, como o Prof. Medina, com processos psicologistas e conclusões que creio incompatíveis com qualquer interpretação dos factos independentemente ordenada. Mas seria injusto colocá-los no mesmo plano que o a entrevista do plumitivo abordado, por possuírem uma diferente estruturação argumentativa. Melhor dizendo, por possuírem estruturação argumentativa.
Abraço
Enviar um comentário