Marcas Infamantes
A invocação da Igualdade nunca é feita para coisa boa, mas bate records quando tem a consequência de fornecer criancinhas à adopção de tarados com provas dadas em atormentá-las. Sei que estas luminárias que nos governam não ficaram contentes enquanto não criaram o ambiente propício a fornecer droga aos dependentes dela, mas há uma diferença entre essa asneira e o atentado que seria conceder prioridade para cargos de directores financeiros a cadastrados por desfalques, subsidiar o transporte para zonas verdes e oferecer gasolina a incendiários e anestesiar vítimas potenciais, ao mesmo tempo que se ofereceria facas a previsíveis assassinos delas.
Como se compreende então que não se veja que a Igualdade - não esqueçamos, tratar o desigual desigualmente - servirá para cobrir o favorecimento desta actividade lúdica?
Além de que, se é para igualizar, prefiro que criminoso de nenhuma espécie seja elegível para adopções e que deixe de haver apagamentos de qualquer tipo nos registos criminais. Um indivíduo deve ser acompanhado para todo o sempre pelo peso do que fez na vida. Era essa a filosofia magnífica da marcação com ferro em brasa, a qual, se poderia chocar pela barbaridade que (co)move sensibilidades mais mansas, não encontra equiparável oposição nos ferretes de papel da burocracia.
Nunca confiem em gente que faz gala em ter fraca memória.
Como se compreende então que não se veja que a Igualdade - não esqueçamos, tratar o desigual desigualmente - servirá para cobrir o favorecimento desta actividade lúdica?
Além de que, se é para igualizar, prefiro que criminoso de nenhuma espécie seja elegível para adopções e que deixe de haver apagamentos de qualquer tipo nos registos criminais. Um indivíduo deve ser acompanhado para todo o sempre pelo peso do que fez na vida. Era essa a filosofia magnífica da marcação com ferro em brasa, a qual, se poderia chocar pela barbaridade que (co)move sensibilidades mais mansas, não encontra equiparável oposição nos ferretes de papel da burocracia.
Nunca confiem em gente que faz gala em ter fraca memória.
8 comentários:
Fui lendo este texto com interesse e concordância, até chegar à apologia do ferrete indelével, que me arrepiou as entranhas. Condenações eternas, Paulo? Nem Cristo o defendeu, quanto mais os Homens...
Essa não, caro Paulo.
Querida Ana,
lá está, é a Ana uma das Sensibilidades Mais Mansas que referi. Cristo, por sinal, foi Quem defendeu as condenações eternas. Aos homens apenas está facultada a condenação perpétua. Acho que todos devemos arrastar até ao fim da vida a lembrança dos nossos actos. Mas atenção, não defendi que se reintrodizisse o ferro em brasa, aceitei a comutação em papelada.
Beijinho
Ah, que magnânimo!...
E não é verdade, isso: Cristo pregou o Perdão, tanto o divino como o humano. E a remissão dos pecados, e a salvação dos pecadores nem que seja in extremis, e tantas outras preciosas lições, mais consentâneas com uma sensibilidade mansa do que com um acusador implacável... pelo menos aquele Cristo em que eu acredito, Paulo.
Querida Ana, há-de convir que uns dados obscuros num qualquer arquivo não são bem o mesmo que o ferrete a churrasquear uma porção da carne...
Então onde é que se enquadra a pregação de Cristo sobre o Inferno? Não podemos ser selectivos. Jesus ensinou a não manter o rancor; e que o arrependimento sincero e sofrido pode beneficiar da Misericórdia de Deus, que é Infinita. Não deu a ninguém direitos ou deveres de perdoar as ofensas feitas aos vizinhos, nem isso faria qualquer sentido. "Perdoa o TEU inimigo".
Beijinho
Alegorias, Paulo. Metáforas, que não preciso obviamente de explicar-lhe o que são. A Bíblia está cheia delas, como sabe. Mas embora se destine a ensinar a separar o Bem do Mal, a mensagem (e o exemplo!) de Crito é de Perdão. Totalmente. Como quer que eu perdoe o MEU inimigo se os vizinhos não mo permitirem e continuarem a crucificá-lo, não me explica?
Continuo na minha, Paulo: não acredito num Deus-carrasco, e muito menos acho que a inflexibilidade seja um bom caminho para os homens. As minhas grandes referências de homens exemplares são todas de espíritos pacíficos, embora lúcidos: Ghandi, Madre Teresa, Mandela, e alguns mais. Isso para mim é que é difícil. Condenar é facílimo.
Mas parece-me que sobre isto nunca concordaremos, pois não? Não faz mal, eu sou democrata...
;)
Beijo
Com certeza que o Exemplo de Cristo é o Perdão, mas porque antes não era concebido tal, na Divindade do Antigo Testamento, assim como a subsistência dos ódios individuais era bem vista. Isto de considerar metáforas o que nos agrada menos tem que se lhe diga e as referencias que pode achar ao Inferno não comportam tal interpretação.
Apesar do mérito posterior na contenção, Ghandi e Mandela estiveram ligados a movimentos de que resultaram mortes e não estamos a falar da aplicação de justiça a criminosos civis, pois não?
Essa da Democracia é que não vejo a que possa ser chamada, salvo se uma confissão de a Ana laborar em erro, pois foi a instauração desse sistema que bateu os records de execuções sem culpa formada na Europa, durante o Terror. Talvez seja também uma metáfora, heim? Não para aqueles a quen fizeram a barba, todavia.
Mas, pelo visto, considera coisa pior proteger a criançada com uma pilha dse papéis que lembrem quem é quem. Não quero ser Democrata!
Beijinho
Paulo, continuaríamos eternamente esta bela discussão... nada contra, mas não me parece que seja esta a melhor sede para isso.
Digo-lhe apenas que não, não defendo que se facilite a vida aos criminosos. E que as crianças (assim como todas as vítimas indefesas) devem ser devidamente defendidas dos seus predadores, e que a sociedade tem responsabilidades nessa papel. Satisfeito? Nisso estamos de acordo... como não?
Eu falava de perdão, de humanidade para com os que falham. Não de facilitismo. A conversa desviou-se para a religião e para a intrepretação dos Evangelhos. Eu falava de exemplos, e de paz. Só isso.
Pronto, democracias à parte parece-me que até estamos de acordo no essencial. Mas só no essencial. E é sempre um prazer discutir com um oponente tão elegante nas réplicas.
Beijinho
Querida Ana,
bem me parecia que não discordatíamos no fulcro desta espinhosa questão. Por isso vivam os registos duradouros: mesmo para quem ache que a sociedade deve desculpar tudo, perdoar não é esquecer e é pela memória que (também) se previne.
Se alguma vez consegui ser elegante, é contagiado pela Qualidade de com Quem debato.
Beijinho
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