sábado, 28 de junho de 2008

Causalidade Identitária

Tenho pouca pachor-ra para aturar ideias que querem ver jogos de poder em tudo o que é relação íntima. Deste modo, acho que a douta tese aqui sumariada não tem pés nem cabeça. Parte, desde logo, do princípio de que as televisões familiares são geridas pelas partes masculinas de cada lar, o que contraria toda a minha percepção do campo, com Elas a determinarem horas e horas novelísticas e de programas estranhos ao imaginário masculino, apenas contrariadas pela revolta que excepciona, quando dá bola.
Mas nem é isto o principal. Aceito que se diga que os telemóveis mudaram as aplicações que as Mulheres fazem de Si, como os homens, com a diferença de ser o Belo Sexo normalmente mais loquaz e menos perturbado pela intermediação. Daí a promovê-lo a factor de identidade é que parece inaceitável, tanto por reconhecer que os jovens de ambos os sexos se espraiam nesse novo desporto, como porque o que, com maior benevolência, se pode conceder é o fortalecimento de laços de grupo. E aqui, como em muitas outras circunstâncias da vida, oponho o mesmo que ergo como contra-argumento das esperanças de alguns Amigos Íntimos - a prioridade à inserção num grupo é sempre mais diluição do que afirmação própria. Por isso também prefiro fundar o dever para com a comunidade no que cada um de nós herdou, não em solidariedades contemporâneas de partes contra outras.
Uma identificação viciada num cerrar de dentes, obrigaria a fazer destas fotos as que integrassem o B.I.

6 comentários:

Luísa A. disse...

Concordo, caro Réprobo. Posso admitir que, em famílias subordinadas a um forte autoritarismo, o telemóvel constitua um meio de «libertação», do mesmo modo que a Internet pode propiciar «fugas» em países tiranizados. Mas não será um factor de construção da identidade. Pelo menos, não mais para as mulheres do que para os homens. Quanto a influenciar a identidade das gerações futuras… :-)

Cristina Ribeiro disse...

Bem, só me resta mesmo assinar por baixo das vossas palavras: quando não há "bandeiras" inventam-nas; pespegam-nas à martelada...
Beijo

O Réprobo disse...

Querida Luísa,
um dos problenas que logo detectei no enunciado foi, de facto, tomar a excepção como regra, vendo a tiranização masculina disseminada a um ponto caricato.
O tms, nos jovens como nos adultos, não contruirão especificidades pessoais. Quando muito poderão trazer alguma erosão a marcas pessoais, fazendo-as alinhar pelas de grupo, sempre... o menor denominador comum.
Beijinho

O Réprobo disse...

Querida Cristina,
está-se mesmo a ver as multinacionais fabricantes dos aparelhitos como defensoras dos fracos e oprimidos...
Mas tem Académica que é cega!
Beijo

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

que horror!!Concordo o mais possivel convosco.

Que falta de imagina�o , a senhora da tese tem..
j� n�o sabem o que dizer..

O Réprobo disse...

Querida Júlia,
há um filão a explorar, o de libertar a Mulher e inventar-Lhe construções identitárias por cada novo hábito, mesmo que seja inissexo.
Mas em passando a voga, viram instrumentos de repressão. Já estou a ver muito elaboradas defesas académicas de ser o telemóvel uma opressão da Mulher, pelos problemas de saúde que pode trazer.
Beijinho