Belas e Se... Não
Vamos falar de temas que realmente interessam! A Meg desafiou-me para abordarmos o espartilho como funcionário da Atração Sexual, a par das botas. E eu não sou rapaz de deixar passar destes reptos... ou não assinasse réprobo.
Comecemos pelo fim: queixava-se há semanas um vendedor de lingerie de que as Mulheres Portuguesas, na Juventude, enfiam umas cuecas de algidão e um soutien barato, só se começando a importar com a sofisticação, chagadas a maturidade mais pronunciada. E eu explico: todas as Senhoras são excelentes psicólogas no que toca ao Amor que lhes respeite. A culpa cabe-nos a nós, homens - Elas perceberam que tínhamos deixado de aspirar às dimensões divinas da Afrodite, contentando-nos com um pedaço de carne, pelo que, sob o pretexto de trabalharem, recambiaram os espartilhos para os museus.
Exactamente as Proporções de Vénus de Octave Tessaert
Comecemos pelo fim: queixava-se há semanas um vendedor de lingerie de que as Mulheres Portuguesas, na Juventude, enfiam umas cuecas de algidão e um soutien barato, só se começando a importar com a sofisticação, chagadas a maturidade mais pronunciada. E eu explico: todas as Senhoras são excelentes psicólogas no que toca ao Amor que lhes respeite. A culpa cabe-nos a nós, homens - Elas perceberam que tínhamos deixado de aspirar às dimensões divinas da Afrodite, contentando-nos com um pedaço de carne, pelo que, sob o pretexto de trabalharem, recambiaram os espartilhos para os museus.
Exactamente as Proporções de Vénus de Octave Tessaert
Claro que no tempo em que eram poupadas, nas classes possidentes, a essa obrigação geradora de stress e depressões era diferente. E o aprisionamento em que moldavam o corpo era passível de estudos eruditos que As dessem como objecto sexual, veja-se o clássico de David Kunzle «The Corset as Erotic Alchemy». Submeter-se a torniquetes que diminuíssem a cintura e empinassem o peito era obrigação de qualquer dama de qualidade.
Novo Método de Laçar à Inglesa Para Cinturas Mais Estreitas de Basset
Alfaiates, Fazedores de Botas, Cabeleireiros, Os Executores do Amor de Grandville É que esta sujeição ao imperativo de agradar é o próprio Inferno de que o Belo Sexo nunca quererá sair. Fará todos os pactos demoníacos para tornar-se mais apetecível, é a sua subida ao cadafalso dos técnicos que lho prometam, como a tortura eterna da insatisfação, a punição desta querida e peculiar vaidade que o pudor de Dante não descreveu com a minúcia das faltas e suas sanções.
A Pedra de Amolar do Demónio de Le Poitevin Chegamos finalmente ao âmago da tese da nossa Amiga. Dominar e ser dominado como desculpas para o compressor dos troncos femininos. Será isso para os mais imaginativos e libertos. Todavia, para o grosso das elites do Ocidente, desatar aquele obstáculo colocado estrategicamente seria sempre um preliminar adicional. Arte afrodisíaca, sim. E a dicotomia Amar e Penar está presente na própria maneira de nomear o acessório de toilette - espartilho, acentuando o sacrifício, corset, à francesa, se quiser sublinhar o capital de desejo.
Sofrer para Imperar, afinal o resumo da Mulher!
29 comentários:
Ó meu querido Repr,
eu devo ser uma espécie de "ovelha negra" da família no que respeita a parte destes assuntos.
O que a minha avó insistiu para que eu usasse uma simples cinta!!!
"Verás que ficas com barriga e sem cintura!"
E eu? Eu niente, nickles; experimentei uma vez e jurei que nunca mais.
Conclusão? Pois, metade da profecia foi logo :-(
E a barriga, se não me acautelo...
:-)))
(Mas adoro... hã... hum... lingerie - inserir cara corada)
<:o)
Querida Fugi,
não houve aí uma ligeiradislexia na comocação do "com" e do "sem"?
Mas não há que corar. A lingerie reputo-a de uma das temáticas mais importantes da contemporaneidade. Antes, como sabe, andava um tanto prejudicada pelo não-uso. Acho-a tópico tão fundamental que até abri etiqueta própria...
Beijinho
Como se no que a nós nos diz respeito houvesse qualquer possibilidde ou mesmo capacidade de resumo Meu Caro (risos) :)
Brilhantes as ilustrações ;)
Querida Once,
possibilidade? Capacidade? Eu diria conveniência! Mas o blogador, por vezes, tem razões que o homem desconhece.
Ainda bem que se salvam os bonecos!
Beijinho
Eu já usei espartilho e, de vez em quando, ainda uso. É horrível! Se for mesmo um espartilho não é cómodo.
Ainda que possa ser sensual, dá uma trabalheira e vestir e a despir que me parece produzir efeitos bastante... inibidores. Ou, pelo menos, angustiantes.
Conselho: não useis.
Os bonecos não salvam uma escrita que não precisava ser salva, Meu Caro. Detive-me na parte dos preliminares, pensando, para com os meus botões, que Elas sabendo-nos desajeitados, e numa atitude complacente e inteligente, nunca submissa, que não quero suscitar precipitadas e erradas interpretações, resolveram abandonar tão afrodisíaca indumentária. À francesa diria, Je regrète.
conveniência meu Caro, sem dúvida alguma .. mas deixe-me fazer um reparo reforçando a defesa de Mr. Mike .. se há escrita e raciocício que não carece de Salvação é a sua, como muito bem sabe :)
Useis! Não deis ouvidos à Rosarinho, Senhoras.
(Raciocínio)
Querido Repr,
o "sem cintura" queria dizer "sem cintura de vespa" :-)))
Ou seja: não tenho cintura tão estreita como era "suposto" :-(
Quanto ao Mister Mike, estou abichornada: não consta que as mulheres de Botero usem espartilhos...
Anda a alterar os seus.. hã... gostos, Mister?
:-)
Não esteja assim tão abichornada, Fugidia. É que a fase dos preliminares espartilhados já teve lugar nas mulheres de Botero. :)
Já usei espartilhos, cintas, redutores, adelgaçantes, inibidores, enganadores e muitas dores. E muita da bela fome, também, da boa apregoada pelos ocidentais, claro. Aquela a que alguns se sujeitam (fui só eu. claro!) para ficarem com o corpo não sei quê.
E depois?
A lingerie não usava porque era "disforme" (dizia eu). E agora? (sem corar, juro...) é lingerie e tudo o que seja sensual, sem mágoas nem sofrimento, porque, como me ensinou uma certa "professora da vida" "Há muito mais charme num despir gracioso que num despido palerma".
Estou com a nossa Once: "resumir" uma mulher é tarefa impossível, Paulo. Nem tente...
O texto está, como sempre, primoroso. E as ilustrações são de se lhes tirar o chapéu (ou a touca, neste caso), também como sempre. Detive-me na segunda imagem porque me intrigou: como se já não bastasse o peso da árvore de Natal que tem na cabeça, a pobre dama está a ser espremida num torniquete infernal, por um sádico que se mostra encantado em fazê-la sofrer. Mesmo assim, a senhora sorri beatificamente, e com uma expressão deleitada olha "em alvo" para um ponto qualquer no infinito. Ora, foi isso que me intrigou. Primeiro pensei que seria masoquista, mas depois reparei que talvez o pé distraído do cavalheiro tenha alguma coisa a ver com tamanha felicidade...
Quanto a uma lingerie cuidada, é acessório que não dispenso. A diferença é que tem que ser também confortável. E foi isso mesmo que nós ganhámos com a libertação dos espartilhos (estes e outros, mais subtis mas não menos incomodativos): mantém-se a sedução, acaba o sofrimento.
Querida Rosarinho,
fica então aqui o Saber de experiência feito. Em troca, conto-Lhe uma virgindade minha. Nunca tive intimidade com alguma Senhora que estivesse contida em tal apetrecho. Tenho fortes dúvidas de como me desincumbiria de um transe desses, já que os meus talentos de arrombador nunca foram lá essas coisas...
Beijinho
Meu Caro Míke,
é bem capaz de estar carregado de razão. O que me deixa uma indecisão profunda - terá sido a Piedade a movê-Las, ou a Impaciência?
Abraço
Querida Once,
tomo-o à conta do afecto para com este pobre maldito.
Beijinho grato
Querida Fugidia,
Agora sou eu que venho explicitar o fundamento da posição do Camarada Mike: com a jornada de luta de amanhã, Ele não podia deixar-Se circunscrever a Boteradas, ou a condenação bem-pensante jorraria!
Beijinho
Querida Nocas Verde,
Essa Mestra sabia-a toda! É isso mesmo! E claro que todos esses tratos de polé com que domesticou o corpinho foram imperativos de Bailarina, estou certo ou estou errado?
Beijinho
(eh eh eh eh), Caro Réprobo. Digamos que uma impaciência piedosa... ou piedade impaciente? Vá-se lá saber... ;)
Obrigado, Querida Ana,
lá que a gravura aparenta isso, aparenta. Mas como também evidencia a condição servil do torcionário, parece evidente que está a cumprir as ordens da Ama. O que explicaria o sorriso, até porque o erotismo ligado ao pé é sempre mais associável ao Vosso, delicadinho, do que a patorras másculas. A mesma ordem de ideias que me faz proscrever calçado aberto para homens.
Quanto à lingerie - e tomando boa nota do que a Nocas estatuiu, a respeito - ligada conceptualmente a Si, temos a multiplicação das determinações do Sonho.
Beijinho
Meu Caro Mike,
pois é, pois é, as Artes Femininas (não falo das manhas) são tão insondáveis como certos Desígnios de Deus!
Abraço
Eu confesso-me apreciadora de lingerie, claro, mas confortável, pelo que me conto entre as que fecharam a cadeado, com honras de museu tais instrumentos de tortura...
Beijo
Que tema, querido Réprobo!
Que temor!
Que tremor!;-)
Partcularmente, estou com a Once (desculpe a intimidade) em um assunto
e com o Mike (idem) em outro.
Volto depois, quando dispuser de mais acuidade.;-)
Um grande beijo, querido Amigo,
voltarei, que isso não são temas para se falar assim rapídamente.
M.
Querida Cristina,
faltou ainda referir as teses e dar conta da extensão gráfica que assimilam ao espartilho ao cinto de castidade. Quer por razões de espaço, quer por achar que esses não estão a ver bem a coisa, optei por não ir por aí.
Graças sejam fafas pelos armários, ehehehehe.
Beijo
Querida e Meguíssima Jessica,
claro que não, a lentidão é outro acessório erótico, ora!
Espero que tenha gostado das figurinhas...
E senti um pendor kierkegardeano no comentário, ai a angústia!
Beijinho, cá A espero
Mas hoje em dia o espartilho é apenas uma peça de sedução, já não é um instrumento de tortura.
Claro que vestir um espartilho e ir para o emprego deve ser incomodativo, assim como vestir sloggis e ir ter com o namorado.
Luís Bonifácio Amigo,
para o mesmo desiderato e com as vantagens de não entalarem, uns corpetes estilo Heidi também fariam um servição! Por vezes, fantasio-me a cortar os atilhos de um com canivete...
Abraço
Um corpete tipo Heidi mas com uma austríaca Loura e de tranças!
Meu Caro Luís Bonifácio, com a ementa que me dá a conhecer, só apetece dizer chleeeeeip!
Abraço
Enviar um comentário