O Elixir da Longa Vida
Nada morre senão quando é esquecido. No Dia dos Museus há a salientar essa verdadeira acção interposta contra o Olvodo, que tentou programaticamente honrar a Memória, simbolizada em Mnemosine, a Mãe das Nove Musas, indo a esta prole buscar o nome para as reuniões de aide-mémoires que são os objectos dignos de atenção pública.O primeiro foi criado pelo Humanista de Como Paolo Giovio, em Borgo Vico, por 1543, lá depositando os retratos de gente ilustre que biografara, como medalhas antigas a partir das quais haviam muitos sido elaborados. Como uma das salas era dedicada às Musas e a Apolo, dela retirou o nome, recuperando a palavra Museum, pela qual o meio culto em que se movia lembrava Alexandria, com ela referindo um local de intercâmbios culturais:
Pena é que aqueles que berram por tudo e por nada, a tudo se opondo,em nome do vazio conceito de Progresso, tenham objectado às primeiras exibições públicas de colecções, dadas como coágulos e desvio de recursos e energias aplicáveis na experimentação. E que em nome do Puritanismo hajam atacado a acumulação de objectos terrenos, tida como manifestação da condenada vaidade. Apetece mesmo citar a definição que Chesterton deu de puritano - aquele que aplica a indignação certa no local errado.
Por fim, uma meditação breve sobre o grau em que um blogue se oferece como presunçosamente comparável a esses redutos do saber transmitido que tornam menos oca a nossa vida. Divulgando preciosidades que contenham está muito longe do valor que só os originais encerram. Mas na medida em que acrescente, pelo que da criatividade da redacção encontre, alimentará o sonho de conseguir alguma legitimidade que esses pós de Autêntico lhe concederão, na mesma esfera.
A última imagem evoca a abertura do British Museum, em 1753, no edifício que fora um hotel seiscentista, o que vem abonar quanto ao refinamento das necessidades, passadas do primarismo à Espiritualidade.
Pena é que aqueles que berram por tudo e por nada, a tudo se opondo,em nome do vazio conceito de Progresso, tenham objectado às primeiras exibições públicas de colecções, dadas como coágulos e desvio de recursos e energias aplicáveis na experimentação. E que em nome do Puritanismo hajam atacado a acumulação de objectos terrenos, tida como manifestação da condenada vaidade. Apetece mesmo citar a definição que Chesterton deu de puritano - aquele que aplica a indignação certa no local errado.
Por fim, uma meditação breve sobre o grau em que um blogue se oferece como presunçosamente comparável a esses redutos do saber transmitido que tornam menos oca a nossa vida. Divulgando preciosidades que contenham está muito longe do valor que só os originais encerram. Mas na medida em que acrescente, pelo que da criatividade da redacção encontre, alimentará o sonho de conseguir alguma legitimidade que esses pós de Autêntico lhe concederão, na mesma esfera.
A última imagem evoca a abertura do British Museum, em 1753, no edifício que fora um hotel seiscentista, o que vem abonar quanto ao refinamento das necessidades, passadas do primarismo à Espiritualidade.
6 comentários:
Bom dia!
Meu caro 10.001 :-p venho aqui encher-me, mais uma vez, de cultura (belíssimo post, parabéns :-) ) e dizer-lhe que não há, nem houve mora ;-)
E claro, agradecer-lhe muitíssimo a sua contribuição fantástica.
Beijo.
(fugi) :-)))
Vou já comprovar isso in loco, Querida Fugi. Muito obrigado pela aprovação deste pobre postalito.
Beijinho
Quem se habitou desde muito pequena a frequentar os mais variados museus, vir até aqui para saber da história do nascimento dos mesmos, não é uma peça de museu não senhor: é uma coisa que acrescenta ao nosso viver...
Gostei muito da frase "Nada morre senão quando é esquecido"
Beijo
Querida Cristina,
é sempre bom recordar a mais tenra infância de frequentações nossas, com Alguém "da família"...
Barbey D´Aurivily dizia dos Imortais (os membros da Academia Francesa), que eram os "únicos que morriam duas vezes. A primeira, de facto, a segunda, quando os esqueciam". Daí colhi uma vaga inspiração.
Beijo
Confirmo o que todos dizem: aqui aprende-se sempre alguma coisa, e de uma maneira superior. Obrigada por isso, amigo R.
beijinho
Ai, Querida Ana,
claro que só se pode aprender algo de maneira superior, quer dizer, com a generosidade de dar grande desconto à inferioridade lastimável da prosa.
Por ele reconhecidíssimo,
beijinho
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