segunda-feira, 19 de maio de 2008

Línguas Compridas

Tenho inteira simpatia pelo movimento que, respondendo a este apelo, cada vez mais congrega Galegos no sentido de reconhecer a identidade linguústica do seu falar com o Português. É coisa desde há muito reconhecida, desde logo por Jacinto do Prado Coelho, ao assimilar as Literaturas de Além e Aquém-Minho e a Brasileira.
Que mal tem haver uma língua transfronteiriça? Não o é o Basco, falado em Espanha e França? E o Catalão não o foi, no Languedoc, até que o jacobinismo parisiense lhe extirpou as raízes? Quer-me parecer é que as autoridades normalizadoras, sob a égide de um governo insensato em Madrid, querem afrontar as peculiaridades pacificamente manifestadas, enquanto se põem de cócoras perante os nacionalismos aguerridos de Catalães e Bascos. Assim como nos não devemos permitir cair na insensatez oposta, a de nos deixarmos influenciar por esse Detritus do Astérix que dá pelo nome de Carod Rovira, atiçando o espantalho do imperialismo hispânico contra a dualidade peninsular, certamente para retirar proventos próprios.

O grande Linguísta Brasileiro Gladestone Chaves de Melo atacou a invenção de uma língua brasileira pelo Movimento Modernista dos Anos 20, recorrendo ao enraizamento popular e à erudição estruturalista de Sausurre, ambos coligados na rejeição da novidade:
Mas que língua é essa nossa, tão solidamente una?
O homem comum, que geralmente tem instinto de acerto, fundado no bom-senso, não tem dúvida sobre qual seja ela: é o português. A própria fraseologia o atesta. Qualquer pessoa diz, por exemplo: "Falando português claro, o que eu quero é aumento de salário"; ou "Em bom português isso se chama preguiça"; ou "Esse Fulano parece que não entende português!".
(...)
nossa língua é a portuguesa, porque o sistema é o mesmo de que se servem e onde se abastecem os portugueses. Mesmas palavras fundamentais (nomes de parentesco, das partes do corpo, das coisas, enfim, directamente ligadas ao homem essencial), feminino em -a, plural em -s, aumentativo em -ão, superlativo em -íssimo, primeira pessoa do plural, nos verbos em -mos, futuro em -rei, relação de posse indicada por de (...), pessoas gramaticais expressas por eu, tu, ele, nós,...

E conclui que o que nos diferencia é estilo e que essa diferença merece ser preservada, como, noutro estudo, se pronunciou pela reintegração do estilo galego na língua portuguesa. Pois o que se tenta é arrasar as divergências estilísticas, com acordos ociosos; e, na Galiza, normalizar, quer dizer, passar a ferro

5 comentários:

O Réprobo disse...

Permito-me sublinhar o "Futuro em -Rei" que está presente na lição do Sábio do País-Irmão...

Anónimo disse...

Amigo Réprobo: me congratula que el sabio pueblo portugués no haga caso de los "cantos de sirena" del "cizañero" Carod (muy acertada la referencia al personaje del comic de Uderzo y Goscinny).
En lo referente a la lengua galaicoportuguesa, convendría recordarle a la Señora Vicepresidenta Doña María Teresa Fernández de la Vega, que un tío suyo, Don Celestino Fernández de la Vega era un autor que escribía en "galego enxebre".
Ab.

O Réprobo disse...

Meu Caro Filomeno,
há que, em matéria de língua, ser muito claro - deixem as pessoas falar à vontade. Alguém vai defender que há insuperáveis problemas de comunicação na Penísula, por questoes de idioma?
Quanto ao político catalão que andou a fomentar atritos, é mandá-lo pregar para outra freguesia. Mas suspeito que já nem dele tenha...
Abraço

Anónimo disse...

Li mas pareceu-me que as línguas do problema estão muito curtas e não compridas.

O Réprobo disse...

Caro Rodolfo,
eu pensava na do Vice catalão, mas nada O impede de ler "Línguas Cumpridas".
Ab.