Línguas Compridas
Que mal tem haver uma língua transfronteiriça? Não o é o Basco, falado em Espanha e França? E o Catalão não o foi, no Languedoc, até que o jacobinismo parisiense lhe extirpou as raízes? Quer-me parecer é que as autoridades normalizadoras, sob a égide de um governo insensato em Madrid, querem afrontar as peculiaridades pacificamente manifestadas, enquanto se põem de cócoras perante os nacionalismos aguerridos de Catalães e Bascos. Assim como nos não devemos permitir cair na insensatez oposta, a de nos deixarmos influenciar por esse Detritus do Astérix que dá pelo nome de Carod Rovira, atiçando o espantalho do imperialismo hispânico contra a dualidade peninsular, certamente para retirar proventos próprios.
O grande Linguísta Brasileiro Gladestone Chaves de Melo atacou a invenção de uma língua brasileira pelo Movimento Modernista dos Anos 20, recorrendo ao enraizamento popular e à erudição estruturalista de Sausurre, ambos coligados na rejeição da novidade:
Mas que língua é essa nossa, tão solidamente una?
O homem comum, que geralmente tem instinto de acerto, fundado no bom-senso, não tem dúvida sobre qual seja ela: é o português. A própria fraseologia o atesta. Qualquer pessoa diz, por exemplo: "Falando português claro, o que eu quero é aumento de salário"; ou "Em bom português isso se chama preguiça"; ou "Esse Fulano parece que não entende português!".
(...)
nossa língua é a portuguesa, porque o sistema é o mesmo de que se servem e onde se abastecem os portugueses. Mesmas palavras fundamentais (nomes de parentesco, das partes do corpo, das coisas, enfim, directamente ligadas ao homem essencial), feminino em -a, plural em -s, aumentativo em -ão, superlativo em -íssimo, primeira pessoa do plural, nos verbos em -mos, futuro em -rei, relação de posse indicada por de (...), pessoas gramaticais expressas por eu, tu, ele, nós,...
E conclui que o que nos diferencia é estilo e que essa diferença merece ser preservada, como, noutro estudo, se pronunciou pela reintegração do estilo galego na língua portuguesa. Pois o que se tenta é arrasar as divergências estilísticas, com acordos ociosos; e, na Galiza, normalizar, quer dizer, passar a ferro
5 comentários:
Permito-me sublinhar o "Futuro em -Rei" que está presente na lição do Sábio do País-Irmão...
Amigo Réprobo: me congratula que el sabio pueblo portugués no haga caso de los "cantos de sirena" del "cizañero" Carod (muy acertada la referencia al personaje del comic de Uderzo y Goscinny).
En lo referente a la lengua galaicoportuguesa, convendría recordarle a la Señora Vicepresidenta Doña María Teresa Fernández de la Vega, que un tío suyo, Don Celestino Fernández de la Vega era un autor que escribía en "galego enxebre".
Ab.
Meu Caro Filomeno,
há que, em matéria de língua, ser muito claro - deixem as pessoas falar à vontade. Alguém vai defender que há insuperáveis problemas de comunicação na Penísula, por questoes de idioma?
Quanto ao político catalão que andou a fomentar atritos, é mandá-lo pregar para outra freguesia. Mas suspeito que já nem dele tenha...
Abraço
Li mas pareceu-me que as línguas do problema estão muito curtas e não compridas.
Caro Rodolfo,
eu pensava na do Vice catalão, mas nada O impede de ler "Línguas Cumpridas".
Ab.
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