Tudo É Vaidade!
A Luísa confessa não perceber a razão pela qual queijo, em francês, dá Fromage. É natural, o Belo Sexo que é o Seu serviu para espalhar o hábito de o consumir nos salões oitocentistas de Paris, em obediência ao célebre ditame de Brillat-Savarin uma refeição sem queijo é como uma beldade a que falte um olho. Mas, curiosamente, este entendimento só se aplicava ao género masculino, na mesma altura em que os homens se atiravam ao dito, as Senhoras aplicavam-se nas bolachas e nos chocolates. Como se vê, não era preocupação com a linha.
Ou seja, a Mulher serviu para incentivar a deglutição, mas era dada como incapaz de compreendê-lo, o que julgo ser a base de muita da publicidade moderna, com modelos apetitosíssimos vidrados em homenzarrões a sério que consomem este ou aquele álcool, mas sem serem filmadas ou fotografadas em doses similares da ingestão respectiva... Um apelo a um arquétipo, por conseguinte.
Quanto à questão linguística, de que outra forma poderia La Fontaine pôr a raposa a fazer o queijo rimar com a plumage do corvo?
Ou seja, a Mulher serviu para incentivar a deglutição, mas era dada como incapaz de compreendê-lo, o que julgo ser a base de muita da publicidade moderna, com modelos apetitosíssimos vidrados em homenzarrões a sério que consomem este ou aquele álcool, mas sem serem filmadas ou fotografadas em doses similares da ingestão respectiva... Um apelo a um arquétipo, por conseguinte.
Quanto à questão linguística, de que outra forma poderia La Fontaine pôr a raposa a fazer o queijo rimar com a plumage do corvo?
22 comentários:
Um queijo assim, quase em forma de lua. mas a que tiraram já um bom bocado, arriscava-se,se continuasse no bico do macho, a ficar quarto minguante, isto é: até cair na bocarra da raposa, porque aí fica um eclipse total, que é o que sucede quando, alheia a qualquer publicidade, a fêmea põe os dentes na iguaria :)
Beijo
P.S. Num «Nocturno» como o da Luísa, a Lua está sempre presente; vão-se os queijos mas fiquem as fotografias e as palavras...
Essa está de gritos, Cristina, apesar do renard francês ser imediatamente associado ao masculino e até representado com trajo seiscentista de homem, por vezes, espada e tudo. Mas, falando em Português, ainda bem que não é assim e deu origem à brilhantíssima interpretação que nos trouxe.
Não esqueçamos que a Luísa já foi Luar. Tudo o que Dali vem é bom.
Beijo
Meu Caro Filomeno,
sem dúvida! Dizemos "é uma raposa" para significar que um indivíduo é espertíssimo. Trapattoni era "a Velha Raposa". Do Marechal Rommel incrporámos alegremente o apdo "Raposa do Desero". E assim pr diante.
Abraço
Pois, tomei como ponto de partida a Língua do João, em detrimento da do Jean :)
Não sabia que "a" Luísa era a Luar: estão explicadas todas aquelas sonatas...
Era a Luar do «bfs». Não confundir com a de «As Luas da Gata Tata».
E sim, começou-se, expressamente, por aí.
Beijo, Querida Cristina
Uff... obrigado pela explicação Caro Réprobo. É que de repente varreu-se-me... onde é que eu ia? Raios, esqueci-me. :)
Sr. Dr., quero querer que o queijo em demasia lhe estragou a memória e que é ao autor da Physiologie du goût que se deve o não ter no blog a indicação para o manifesto pela Língua portuguesa...
Ou será que é pelo (des)acordo?
Ehehehehehe, Caro Mike. Está tudo ligado, é o que é!
Abraço
Meu Caro Impensado,
Bom, já devemos a essa malfeitoria linguística um milagre: tê-Lo por cá a comentar.
"sr. dr." é comigo? Valha-nos Santo Eustáquio! Sou contra o acordo, assinei a petição (duas por sinal) em fase precoce da mesma, tanto aqui como em Blogues Amigos me tenho pronunciado contra a inutilidade e a indesejabilidade de forçar o modo de expressão natural das gentes para dar dinheirinho a ganhar a editoras. Ainda uns postais abaixo, falando de Gladestone Chaves de Melo, mandei mais uma bandarilha.
A ausência do símbolo deve-se a não gostar de sobrecarregar a lapela de badges e pins. Também não tenho lá o da resistência à entrada da Turquia na UE, por exemplo. Basta a Bandeira, não Lhe criemos concorrência.
Abraço
"a Mulher serviu para incentivar a deglutição" .. tudo culpa nossa claro, claro ! ;)
(risos) .. encaminharei para aqui o próximo que me vier falar da comidinha da mamã!
Querida Once,
antes culpa da utilização que de Vós fizeram, como o gastrónomo citado no texto que, à conta da frase aproveitadora da imagem da beleza feminina com imperfeição chocante, viu seu o nome ser dado... a um queijo, justamente!
Robert Burnand tem um interessante artigo sobre o tema em que, expressamente, diz:
"O queijo era obrigatório. Todavia o queijo era reservado aos convivas machos: jamais uma mulher bien elevée lhe tocará.".
Beijinho
PS: ora. ora, a "comida da mamã" não arranjou rival de respeito em "prender o homem pelo estômago"?
Chocolates? Bah!
Bolos e bolinhos? duplo bah!
Queijo? Venha ELE!
Ainda bem (mais esta razão) que nasci "agora". Onde nos permitimos deliciar com tão belos produtos femininos. (percebe a chalaça pobrezzita?...)
Como a Once referiu... e a comidinha da mamã? Se bem que tenho para mim que lá em casa é mais as pizzas compradas pela mamã ou feitas por todos que serão inesquecíveis. glup. Pouco pedagógica esta Verde.
Bom feriado.
Querida Nocas Verde,
escrevi em tempos sobre o quão importante é para mim ver as Pessoas gostar de queijo. Já que, clubisticamente, não temos por onde pegar, embora tenhamos por onde nos pegarmos, vinguemo-nos na queijaria.
Mas em que ficam as normas cerimoniais? Nem sequer pode censurar os homens daquele tempo, eles limitavam-se a ter a faca e o QUEIJO na mão...
Beijinho
Dá-me pistas, Meu Caro Filomeno, a minha atenção apresenta mais buracos do que... um queijo suíço!
Ab.
Olga Cecilia o "Tetina" ?
Meu caro Réprobo, se é por exigências de rima de La Fontaine, «fromage» está não só explicado, como muito bem justificado. Quanto a queijos, faço minhas as palavras da Nocas Verde: ainda bem que nasci neste século. O queijo – apesar da indelicadeza do seu cheiro, que poderia justificar as reservas passadas - é o «contraponto» salgado do chocolate, ambos muitíssimo estimulantes. Um dia sem eles e o céu cobre-se de nuvens. :-D
Querida Luísa,
é bem possível que o odor estivesse por detrás desse interdito, ainda hoje uma Amiga muito Querida faz uma fita de cada vez que sente ter alguém na presença Dela comido alho há pouco tempo...
Eu, como terá visto pelo link, considero o queijo a própria essencialidade alimentar. Desde muito novinho.
Beijinho
Confio, confio.
É raro comentar, mas gosto sempre de passar por este seu blog, que leio com o maior dos gostos.
E recebê-Lo nesta espelunca, Caro Impensado, é enorme prazer para mim, tanto como frequentar o «Impensável».
Abraço
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