Simbólica Incorporada
Foram o auxílio e a Aliança Inglesa ao tempo de D. João I que fizeram importar aquele Santo para o patrocínio luso, numa tentativa ingénua de o fazer concorrer com outro afamado Matador de Dragões, São Tiago, Querido de Castela, nessas lutas ibéricas desgraçadas que esqueciam o inimigo comum contra o qual se havia lutado e havia ainda a lutar.
Hoje, em que, felizmente, desde os grandes Salazar e Franco, esses fantasmas estão, espero eu, definitivamente enterrados, gostaria de salientar uma vertente que não foi pensada.: deslocar o culto de São Jorge do seu dia, o 23 de Abril que também é o do Livro, para a festa móvel do Corpus Christi foi quase uma antevisão do sumiço dos hábitos de leitura no nosso País. Recorde-se que o hábito da oferta da Rosa e do Livro foi retirado, justamente, do culto referente a esse episódio hagiográfico. Removendo-o, para o diluir numa Celebração Maior, acabámos por, de alguma forma, despromover a Leitura.
Procissão do Corpo de Deus na Praça de S. Pedro no Tempo de Inocêncio X, Autor dsconhecido
Entretanto, sobre a Santa disputa e a pacificação peninsular correlata, ninguém como Camilo Castelo Branco:
S. Thiago, por parte de Castella e S. Jorge, o inglez, por Portugal, de vez em quando baixavam do empyrio, e vinham como dois condotieri medievaes terçar os seus montantes invisiveis, mas devastadores, nos campos de batalha empapaçados de sangue. Dir-se-ia que o Altissimo consentia em que aquelles dois celicolas viessem cá abaixo n´este planeta cevar antigos rancores na carnificina de duas nações da mesma raça, duas velhas e valentes propugnadoras da civilisação sob o labaro de Jesus Christo. Chronistas e poetas faziam a Deus a affronta de o imaginarem emparceirado n´estes desmandos facínoras dos dois santos.
A final, um dia, a Providencia, ostentando os mysteriosos processos dos seus desígnios, derrubou os estandartes de extermínio entre as duas nações opiladas de rancor rhetorico, e levantou sobre os escombros da Andalusia - o paraiso terreal da Hespanha - a bandeira da caridade. Em vez do estrondo das trombetas de guerra, fez soar a toada plangente dos gemidos da miseria. E em volta dessa signa de paz reuniu em um abraço, ungido pelas lagrimas dos desgraçados a quem socorriam, hespanhoes e portuguezes que então se reconheceram descendentes dos implantadores da sagrada cruz na peninsula arabe.
S. Thiago e S. Jorge, que presencearam este lance lá do alto céu, apertaram fraternalmente as suas santas mãos, e dependuraram as espadas ao lado da de S. Pedro ainda tingida de sangue do Malcus desorelhado. Foi bom.
Esperemos que em tempos e lugares de comparativa prosperidade não voltem as vozes da discórdia, permito-me acrescentar, ainda magoado por declarações recentes de um (ir)responsável catalão.
4 comentários:
Así sea querido amigo Réprobo; lo que me extraña es que todavía no haya surgido un supuesto experto useño o perfidalbionense diciendo que en realidad, la pérdida del Portugal Ultramarino fue obra de una conspiración franquista para debilitar al País Vecino........
Ab.
Ui, se algum Te lê este comentário, Meu Caro Filomeno, pode sentir-se terrivelmente tentado!
Abraço
Mi amigo Paulo, siempre sensato en estas materias ibéricas -que no iberistas-, se da cuenta del veneno que para Portugal llevan las propuestas de ese canalla hijo de Guardia Civil y falangista, nacido en Aragón, y reciclado en furibundo nacionalista catalán, por sobre nombre Josep Lluis Carod-Rovira.
Rafael Castela Santos
Meu Caro Rafael,
é bem verdade! Pobres Pais, que, onde quer que estejam, devem sentir vómitos ao ouvir o rebento mandar petardos destes!
Com disse num postal abaixo, é uma tentativa de fomentar zaragata, à maneira do que aconteceu numa célebre aventura dos Gauleses irredutúveis!
Abração
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