terça-feira, 6 de maio de 2008

De Cara Alegre

Cristina da Suécia, por Jacob Ferdinand VoetNa visita dos Reis da Suécia poderia lembrar a triste intervenção que a Social-Democracia daquele país teve contra a nossa luta pelo Ultramar. Mandam porém os deveres de anfitrião, a actual governação Conservadora da Nação Escandinava, como o meu feitio pouco dado a hostilizações, que, a propósito, fale de episódios históricos mais agradáveis.
Assim, deixarei para os que viveram a felicidade correspondente o cuidado de evocar a mini-revolução sexual que as jovens turistas nórdicas trouxeram à pacata Liscoa da década de 1960´s. Falarei antes dum relevantíssimo e solitário papel da Coroa Sueca, com os conselhos de Oxenstierna em ponto, a única que inquebrantavelmente defendera a nossa independência e os direitos de D. João IV, no Congresso de Munster.
Por isso, o Restaurador ordenou, em 1651, que em Lisboa se dessem salvas de Artilharia e o Senado pagasse as danças, charmelas e folias do estylo «para alegrarem a cidade», e se déssem, emfim, todas as demonstrações de regosijo, pela notícia da coroação na Suécia, do ano anterior da rainha (Cristina) «minha boa irmã, prima e confederada».
Ora, a cidade tinha vivido, dois anos antes, peste mortífera, perdera-se uma armada vinda do Brasil, fora recentemente ameaçada pela marinha do infame Cromwell, cheio de rancor pela hospitalidade dada aos Príncipes Palatinos; e mal saíra ainda de uma fome gerada pela retenção gananciosa de cereais dos atravessadores cadimos, que, em 1650, colocara a capital em artigos de Sancta Unção, segundo os documentos oficiais. Assim se gerou a expressão dar vivas por Cristina, como sinonímica de ter de festejar algo sem vontade de o fazer.
Como está tudo ligado, não resisti a lembrar esta história, em que nem falta o episódio famélico, no momento em que se prefigura um espectro de escassez alimentar. Mas para a queda da voga do anexim que é a base do postal, tenho outra explicação - por estes dias a Cristina festejada é a Ribeiro, nossa Amiga e Madrinha desta casa. E Essa toda a gente por cá festeja, cheia de ganas!

10 comentários:

Anónimo disse...

Caríssimo Paulo, as hortênsias por cá ainda estão longe do seu esplendor, mas já desenhei uma na cabeça para lha enviar em agradecimento de todos estes mimos.
Lembro-me de ter visto uma belíssima Greta Garbo a encarnar essa rainha admiradora de Descartes...
Beijo

Ralf Wokan disse...

Portugal tinha uma vez como embaixador na Suécia o Visconde de Soto Mayor.....
Este homem é "marca portuguesa" na Suécia ainda hoje.
Sabe o que é "Lúcia Perca a la Soto Mayor" ?
Alguém em Portugal faz disso um instrumento de marketing ?
Portugal rico em história .....faz nada.
"Investimentos" não fazem mais ricos os Portugueses...só mais dependentes.

Olha o Soto Mayor !
http://www.embassyportugal.se/sotomaior_porto.html
Que homem ! Que estilo ! Que Portugues !
abraço
Ralf

Anónimo disse...

Amigo Réprobo: ¿No hay filme tipo "commedia sexy" sobre los machos lusitanos deslumbrados por suecas en bikini en los 60?
Ab.

O Réprobo disse...

É verdade, Querida Cristina, um dos melhores filmes dela, com Gilbert a contracenar, creio!
Agradeço-Lhe o desenho, mas, por favor, não vá ao ponto de tatuar a bela flor, ou voltamos à temática de dias atrás...
Beijo

O Réprobo disse...

Meu Caro Ralf,
extraordinário Contributo, que muito agradeço! É bom saber que a nossa diplomacia oitocentista teve, pelo menos, um émulo de Soveral, quer na elegância mundana, quer no favor do Príncipe junto do qual estava acreditado. Assim como é interessante verificar não ter sido apenas Bulhão Pato a contribuir com o nome para a gastronomia e culinária...
O pormenor do duelo, para um curioso do tema, como eu, é a cereja em cima do bolo.
E quanto ao património histórico português, em vias de apagamento (a)celerado, já se sabe - tudo o que vá além do Cristiano Ronaldo goza do favor de muito poucos.
Abraço

O Réprobo disse...

Creio que não, Meu Caro Filomeno. Na altura, a prática mobilizaria as energias. E nos anos imediatos, com a mudança política, as atenções viraram-se para outro lado.
Além de que a França é que estava nas cabecinhas - nas pensantes - desta geração, como de todas as anteriores.
Abraço

cristina ribeiro disse...

Não, Paulo, da cabeça já foi directamente para o papel :) Depois me dirá.
Beijo

O Réprobo disse...

Fico todo roído pela curiosidade.
Beijo, Querida Cristina

Tiago Laranjeiro disse...

Caro Réprobo,

Diz em comentário anterior, de resposta a Ralf, ser-lhe "interessante verificar não ter sido apenas Bulhão Pato a contribuir com o nome para a gastronomia e culinária". Pois que não foram, sequer, apenas estes dois a fazê-lo! Temos aqui ao lado em Braga outro exemplo disso: o Abade de Priscos. Tão famoso foi seu gosto e sua arte na cozinha que deu nome a um delicioso pudim, que até já merece confraria!

Poderá saber mais em
http://sabores.sapo.pt/gourmet/detail/?1991

e em

http://jn.sapo.pt/2008/02/08/norte/pudim_abade_priscos_nome_a_confraria.html

Abraço,

Tiago.

O Réprobo disse...

Meu Caro Tiago Laranjeiro,
conseguiu despertar-me a gula, logo eu que nem sou vocacionado para pudins e similares.
Mas o Abade sabia-a toda, está visto.
Abraço