domingo, 4 de maio de 2008

The Horror, The Horror...

Leda e o Cisne de C. A. HollandDá-nos a Zazie representações da zoofilia, no sentido sexual, no nosso mundo Cristão, sendo certo que as religiões monoteístas, ao arrepio da liberdade artística, sempre proibiram o chamado crime de bestialidade.
Desde o Levítico, XVIII,23- Não te ajuntarás com animal algum, nem te mancharás bom ele. A mulher não se prostituirá a algum animal, nem se misturará com ele; porque é um crime horrendo.
e XX, 15
Aquele que tiver cópula com jumento ou outro animal será condenado à morte. Também matareis o animal.
A forma de execução era pelo fogo, a que se atirava ambos. E assim passou para a Cristandade, com a variante ocasional do enterramento em vida. No entanto, a tensão entre a manifestação do horror e a necessidade de graduar as culpas levou a que o bicho, ao contrário do humano, fosse previamente estrangulado.
Diz Damhouder

Il serait indigne et odieux enceffect qu´une telle, denuée de raison, subsistat et continuat de vivre sous les yeux des homes quand, à cause d´elle, un homme doné de raison a peri d´une mort miserable.

E retira-se das Capitulares de Ansegise:
Os animais não são punidos pela sua culpa por isso que não a têm, mas sim por haverem sido cúmplices duma execrável aberração humana pela qual se tira a voda ao ente racional. Como depois de tão revoltante maldade o animal recordaria o acto impuro que é preciso eliminar e riscar para sempre, a sabedoria dos tribunaes ordenou, por isso, que até mesmo os processos de tão impuros delinquentes como eles sejam queimados afim de que não reste memória em tempo algum de tão nefandas abominações.
Muitas vezes o animal era estrangulado antes de lançado à fogueira com o culpado vivo e considerava-se isso como uma graça especial concedida ao animal.

No politeísmo a repulsa era menor. Entre os gregos puniam-na somente com a castração, repugnando mais o deseqilíbrio que a degradação. E em Roma muito se praticava e nada se punia. Tirei estes dados do opúsculo que reproduzo:
Mudam-se os tempos mas continua esta vontade, como atestam as ofertas alternativas para desfastios citadinos sofisticados e a penetração ovina por pastores do mais rústico. O que terá mudado, então?
A parte mais visível e honrosa é a preocupação de proteger o animal e os respectivos sentimentos. Já o esvaziamento do que de horrível haveria, tem, para mim, outra explicação - continuando a considerar-se ilegítima e reprovável, ganhou-se consciência de que ela não corresponde a uma despromoção do Homem, mas a uma inaceitável tentativa de elevar-se, tamanha é a consciência do quão baixo descemos. É decerto um progresso que nos exerguemos. Mas, felicitando-me por ser minorado o sofrimento de seres desprovidos de culpa, lamento que tenhamos abaixado a nossa medida reactiva contra os piores de nós.

7 comentários:

zazie disse...

Este teu post está uma maravilha de informação mas eu já tive um ataque de riso.

É que eu não dei exemplo nenhum de zoofilia
ahahahahha

Foi tudo uma sequência de mal-entendidos que se foi agravando com as minhas explicações

loooooooooollll

Começou com a menina nua do cadeiral da sé do Funchal, que não é acto de sodomia. E depois segiu-se numa troca de brincadeira com o Despastor.

Mas, aquela historieta da ornitorrinca de Viseu e do cardeal D. Miguel da Silva, não tem nada de sexo.
ahahahahaha

Não consigo parar de rir só de imaginar que v.s pensaram que ele foi acusado de pederastia por ter andado no truca-truca com uma ornitorrinca

":O)))))

zazie disse...

aahhaa
Até me engasquei e isto saltou.

Eu é que tenho ideia que aquele animal é uma variante de sarigueira. E tenho-a porque há outra parecida no do Funchal.

E isto não seria de todo improvável, já que também aparecem tatus em Kempen na Alemanha, tal como aparecem em Yuste.

No caso dos marsupiais, ou vinham de Java ou então, já imaginas donde...

Mas é verdade que o grande cardeal teve uma espécie de jardim zoológico cheio de exotismos em Viseu. E depois deve ter deixado por lá aquilo, quando se pirou de vez para Itália.
Ora o cadeiral só pode ter sido encomendado por ele. E, nem tudo aquilo é fantástico.

Mas não há mais sexo nenhum. O que ele fez com rapazinhos não se sabe. Agora tadinha da ornitorrinca que ainda ganha má fama
":O)))))

Eu sou louca em fazer estes postes na brincadeira e sem explicar bem as coisas.
Os ouriços são alegoria e aí sim, entram os hedge funds, O resto também é brincadeira minha para atrapalhar o Despastor.

Beijocas fofas

ana v. disse...

"ofertas alternativas para desfastios citadinos sofisticados"???
Paulo, onde é que vai desencantar estas informações? Na província é frequente, até por falta de "alternativa", justamente. Mas... na cidade? Essa esmagou-me!
Bjs

O Réprobo disse...

Qerida Zaz,
por isso eu falei na "canalização para uma vertente". O ornitorrinco (fémea) foi o McGuffin, como, de resto, na história que o origina.
Bjoka

O Réprobo disse...

Querida Ana,
esteja atenta aos anúncios dos folhetos do ramo. Um pavor!
Beijinho

Anónimo disse...

Leiam só o que aconteceu no dia 13.2.1740 em Beja A´lem-Teijo....
(link via meu nome/homepage)

nasceu hum celebre monstro !
O mores !!
:)
Ralf

O Réprobo disse...

Ahahahahaha! Meu Caro Ralf, brilhante descoberta essa pérola de 1740. Se bem que, como por cá é hábito, descriminalizou-se, para resolver o problema. Hoje é quase universal o assédio a (outras) cabras.
Abraço