quinta-feira, 8 de maio de 2008

Quadro de Honra

Meditando sobre a monomania legislativa educacional do Bloco de Esquerda, Devo dizer que encaro com algum distanciamento as polémicas acerca da introdução (ai) da disciplina de Educação Sexual nas escolas. Não acredito que na mentalidade de fedelhos irresponsáveis a coisa venha a influenciar qualquer comportamento e tenho a certeza de que na parte deles mais alarve, a que tudo encara na base da risota cúmplice, o pobre professor que leccione esta matéria nunca poderá aparecer-hes com a dignidade mínima exigível. Mas como essas já são as situações correntes, a irresponsabilidade dos comportamentos e o desrespeito de quem ensina, nada se perde e, embora pouca coisa se transforme, pode ser que algum bem-comportadinho abstraído deste mundo lucre alguma coisa.Outro ponto é o da evaporação do prazer que a descoberta e a vaga atmosfera de transgressão acrescentam. Vejo a miudagem completamente privada desse afrodisíaco. Pensando numa e noutra das situações descritas, parece-me que elas só poderão ser contrariadas com uma panaceia para todos os males escolares - a recuperação de castigos à antiga, que mantenham a disciplina sem domesticar os apelos. Como colocar alguns alunos virados para a parede, conforme a imagem. Só que a eficácia contende com a justiça do método: nunca a medida poderia recair sobre discentes sem aproveitamento...

6 comentários:

CPrice disse...

.. concordando consigo na actualidade das circunstâncias, não posso contudo deixar de pensar que será assim que se mudarão as mentalidades no futuro.
Retrato a propósito um episódio caricato na escola da princesa durante o último ano da primária (crianças com 9/10 anos). Ao entrar na parte do Manual sobre o aparelho reprodutor, a professora marcou uma pequena reunião de Pais avisando-nos que dentro de 3 semanas seria esse o tema das aulas. Em 27 adultos, que rondam, muito provavelmente os 35/45 anos de idade, havia 3 mães perfeitamente serenas sobre o assunto.
O resto foi a ver quem gritava mais alto. As pobres crianças daqueles progenitores acreditavam na maioria que bastaria um telefonema para Paris para encomendar um irmãozinho.
Claro que isto é uma pequena gota de água no mar da ignorância, propositada ou não, porque dá trabalho explicar, porque se tem vergonha, porque é tabu ou simplesmente porque sim.

(desculpe esta coisa extensa):)

O Réprobo disse...

Querida Once,
de Si, quanto mais extenso, melhor!
Pois, acredito que umas quantas cegonhas venham a ficar no desemprego. A falta de jeito paterna nestes casos é de sempre. Mas acredita a minha Amiga que as mentalidades se modifiquem com estas prelecções? Deixe a geração das Meninas chegar à adolescência e dir-meá se as percentagens dos desastres e dos maravilhamentos não permanecerão sem alterações de maior... salvo no encanto de que as apetências se verão destituídas, claro. Mas há coisas piores. Esta desconfio de que não vai alterar algo digno de nota.
Beijinho

CPrice disse...

gentileza a sua Caro Paulo
.. mas sabe o que costumo pensar nestes casos? Não se pode, não se consegue chegar a todos, mas nem que seja a um, se salvar, prevenir, precaver esse um, já valeu a pena :)
Mas tem razão no todo, há coisas piores.

Luísa A. disse...

Meus caros Once e Réprobo, a questão, para mim, centra-se, sobretudo, no pretendido conteúdo das aulas. Não consigo imaginar o que ainda se reclama, depois de ter visto, com a minha filha, como, na cadeira de Ciências Naturais, já se ensina praticamente tudo (ou serei eu tão ignorante e ingénua?), com a adequada incidência nas questões sanitárias. Desconfio que nem os próprios estudantes/reclamantes sabem exactamente o que pretendem. Têm uma ideia vaga, que deve passar por aulas práticas e exercícios e debates sobre «modalidades técnicas». É o que torna a sua pretensão – naturalmente suportada pelo BE - tão ridícula. Quanto ao envolvimento dos pais nessa educação, concordo absolutamente com a Once. Nem acho que a abertura, se for feita com a devida delicadeza, comprometa o romantismo e o encanto de futuras «descobertas».

O Réprobo disse...

Enfim, Querida Once,
é a total coerência com a parte inicial do Seu nick. Quem Lhe poderá levar a mal? Mas pela escassez do campo em que isso tenha algum resultado, parece muita parra e de uvas...
Beijinho

O Réprobo disse...

Querida Luísa, também acredito que esse vago romantismo esteja na base das aspirações juvenis. Mas aulas práticas com quem? Entre colegas? Nem pensar, a função deles é aprender e a disciplina não consente. Contratando profissionais? Huuuum, na época em que se pensa em penalizar o cliente, só num Estado masoquista. Com os professores? Ai a pedofilia! Resta a boneca insuflável e algum homólogo masculino. E, diga-me, haverá encanto e... até romantismo que aguentem?
Beijinho