sábado, 22 de março de 2008

Amor à Arte?


Em 22 de Março de 1895 foi realizada a primeira projecção de um filme, num organismo de apoio à indústria nacional francesa, antes de os Lumière terem aberto a públicos mais vastos a fruição da sua descoberta, no Salon Indien do Grand Café. Industriais de placas fotográficas, como apoio à arte do Pai, fotógrafo e pintor conhecido, esgotariam as capacidades imaginativas do seu invento em instrumento científico e noticioso, contaminando o próprio Progenitor, o qual, arvorado em seu empresário, recusaria vender por uns astronómicos 25 milhões de francos a patente a um certo Georges Méliès, que viria, noutro 22 de Março, dois anos mais tarde, a abrir o primeiro estúdio cinematográfico, em Montreuil, como a inventar muitos dos rudimentos da especificidade fílmica.

Tratava-se de um ilusionista profissional e é curioso que tenha ficado como característica principal própria do Cinema a ilusão, desde os truques de gravação ao jogo dos planos, distinguindo a respectiva linguagem da do teatro filmado, esse sem a componente de engano.
No mundo dos inventores do Cinematógrafo a tónica estava toda no registo, parecia não haver lugar para a imaginação e a fantasia. A temática que escolheram para a experiência pioneira diz tudo: a saída das operárias das suas instalações fabris.
Hoje temos como indissociável da Sétima Arte a superação da Realidade. Mas quem terá mostrado amar mais o novo meio de expressão? Muitas vezes me tenho perguntado se não seriam os seus inventores, valorando-a independentemente dos adornos com que o sonho mascara o rigor...

Sem comentários: