quarta-feira, 26 de março de 2008

Escola de Vícios

Escola de Barbara KrólNa polémica entre o Procurador Geral da República e o Elemento do Ministério da Educação não me interessa um niquito sequer saber de os gangs são importados para as escolas, ou delas exportados. Suspeito de que não haverá uma regra, acontecendo nuns casos duma maneira e nos restantes da outra. O que importa é resolver o problema. E aí, eu, que sou um firme adepto da autonomia de cada estabelecimento de ensino em matéria estritamente pedagógica, pergunto-me se será avisado conceder igual latitude no apoio que é o exercício do poder disciplinar. Os professores não me parecem vocacionados para a repressão, por três ordens de razões: em primeiro ligar, no estado de coisas a que se deixou chegar a aprendizagem, são vistos e vêem-se como parte do conflito. Depois, porque deixando-se envolver no acompanhamento diário dos discentes, as simpatias e aversões geradas podem expô-los a acusações suplementares de quebras de imparcialidade. E em terceiro, porque lhes adivinho uma tentação de não punir severamente, quer por natural indulgência para com os pecadilhos da juventude, quer por se temerem desautorizados se não conseguirem resolver as crises em família. Julgo, aliás, que é muito por isso que tão poucas ocorrências graves serão participadas, como se queixou o Magistrado.
Deve ser sempre atribuída alguma capacidade punitiva aos corpos docentes, para preservar um princípio hierárquico sem o qual um sistema educativo imposto não pode funcionar. Mas para os casos mais problemáticos, a medida reactiva deveria ser decidida, sem prejuízo dos julgamentos pelos tribunais em matéria crime, por um sector do funcionalismo treinado para o efeito. De preferência tutelado por ministério diferente do da Educação. A ameaça de intervenção da frieza de estranhos de que os infractores potenciais não pudessem pensar conhecer os fracos, funcionaria, com toda a probabilidade, como elemento dissuasor.

4 comentários:

CPrice disse...

Outra das instituições que poderia ser de uma mais valia extraordinária na resolução e quiçá erradicação deste tipo de problemas era a família.
E aí, sem a frieza de estranhos, mas antes no amor, carinho, compreensão e educação de quem é suposto amar a prole e ser por ela amado, talvez, só talvez digo eu sem certezas, estas situações não passassem de pesadelos. Daqueles que me tiravam o sono quando criança mas que calma mão da avó na testa afastava de imediato e para todo o sempre.

Mas isto sou eu, que sou uma "utópica" amigo Réprobo.
E, utopias à parte, concordo evidentemente com o que escreve.

O Réprobo disse...

Qierida Once,
Quem dera a todos essas Utopias!
Infelizmente as famílias estão num processo de desagregação tal que não são já lugares de conchego, pelo contrário, parecem impelir a garotada para a associabilidade extrema, fora da cimplicidade maligna com os colegas. E se isso é visível em meios de menor instrução, através da violência bruta, há uma transversalidade, no individualismo esticado que, em patamares aparentemente privilegiados da Sociedade, se vai incutindo.
A escola funciona, depois, como a libertação das forças em revolta, que anseiam por fazer o mal. Uma espécie de versão infanto-juvenil da «Laranja Mecânica».
Beijinho

CPrice disse...

Valem-nos as excepções a essa realidade que apresenta e com a qual sei que tenho de concordar.
E por vezes penso .. que será da criançada e da juventude que, em crescente minoria, não se pauta e não actua de acordo com..

O Réprobo disse...

Claro, Querida Amiga, as excepções são sempre de honrar. O segundo problema é bem bicudo, os mecanismos de pressão geracional acarretam graves riscos de contaminação.
Beijinho