terça-feira, 18 de março de 2008

Transigência (Ir)Racional

............................................Como Gauguin o viu

Podem achar uma heresia, mas nunca gostei por aí além de Mallarmé, apesar de notar a Arte, já que sempre lhe cheirei uma excessiva trapaça auto-interpretativa no método simbolista que adoptou, como se precisasse de recorrer a qualquer meio, de rigores semânticos pouco escrupuloso, para fazer coincidir com o Absoluto dos desdobramentos a que ao Livro sonhado conferiu a esperança da capacidade.
Terá acabado por acreditar que essa "norma libertária" permitiria soltar a criatividade, mas findaria por deixar a póstuma confissão do fracasso que a loucura enforma, através do reconhecimento das cisões que estilhaçam uma ordem inventiva disciplinadora, cedendo à submissão espiritual em que o Acaso domina. Com a alienada morte de «Igitur», testemunhando a secessão íntima da sombra a que chamara sua, para se fundir naquela mais escura que o envolve e supera.
Mas apesar de os truques continuarem até na palinódia estilizada do que teorizara, conseguiu uma certa estatura, muito por alimentar as ilusões que todos gostamos de manter vivas, antes de nos tranquilizar com a desilusão compassiva a engrossar as fileiras das nossas, mais tormentosas.
Foi a forma que encontrei de não deixar passar o aniversário do nascimento.

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