Carne ou Peixe?
Retrato de Miss Constable de George RomneyO caso do transexual que anunciou tornar-se homem para depois acrescentar que conservara o aparelho reprodutor feminino e dará em breve à luz, para além de grave distúrbio mental, parece-me ser uma fraude atentatória da eterna busca da Essência do Feminino.
Genitalia à parte, devemos ter em conta a frase de Bernard Shaw, o qual, interrogado sobre a maior diferença entre um Homem e uma Mulher, respondera à jornalista: Minha Senhora, não posso conceber. Não a tomo na literalidade que reporte ao facto ocorrido, pois muitas Mulheres feminíssimas não incluíram a maternidade na biografia. Interpreto-a como a necessidade universalmente constatável no Género de prolongar o interesse que despertam, ao contrário de nós, pobres, que nessa matéria vivemos nas águas turvas da mera aplicação. Tendo um filho, todas as Senhoras que conheço querem deixar nele a marca acrescida da parte de império e fascinação que se detectam nelas, de que o cultivado e celebrado mistério é a face mais visível.
Como escreveu Desmahis,
Quem pode definir as mulheres? Tudo, na verdade, fala delas, mas numa linguagem equívoca. Aquela que parece a mais indiferente é muitas vezes a mais sensível; a mais indiscreta passa muitas vezes pela mais falsa: sempre prevenidos, o amor e o despeito ditam os julgamentos que nós emitimos: e o espírito mais livre, aquele que as tenha melhor estudado, crendo resolver os problemas, não faz senão pôr novos. «Há três coisas, dizia Fontenelle, que eu sempre amei muito sem jamais nada compreender delas: a pintura, a música e as mulheres».
O ser duvidoso que propagandeou as suas esperanças não percebeu a diferença entre a essência que atrai duravelmente e a curiosidade momentânea que um jornalismo imediatista estimula.
Genitalia à parte, devemos ter em conta a frase de Bernard Shaw, o qual, interrogado sobre a maior diferença entre um Homem e uma Mulher, respondera à jornalista: Minha Senhora, não posso conceber. Não a tomo na literalidade que reporte ao facto ocorrido, pois muitas Mulheres feminíssimas não incluíram a maternidade na biografia. Interpreto-a como a necessidade universalmente constatável no Género de prolongar o interesse que despertam, ao contrário de nós, pobres, que nessa matéria vivemos nas águas turvas da mera aplicação. Tendo um filho, todas as Senhoras que conheço querem deixar nele a marca acrescida da parte de império e fascinação que se detectam nelas, de que o cultivado e celebrado mistério é a face mais visível.
Como escreveu Desmahis,
Quem pode definir as mulheres? Tudo, na verdade, fala delas, mas numa linguagem equívoca. Aquela que parece a mais indiferente é muitas vezes a mais sensível; a mais indiscreta passa muitas vezes pela mais falsa: sempre prevenidos, o amor e o despeito ditam os julgamentos que nós emitimos: e o espírito mais livre, aquele que as tenha melhor estudado, crendo resolver os problemas, não faz senão pôr novos. «Há três coisas, dizia Fontenelle, que eu sempre amei muito sem jamais nada compreender delas: a pintura, a música e as mulheres».
O ser duvidoso que propagandeou as suas esperanças não percebeu a diferença entre a essência que atrai duravelmente e a curiosidade momentânea que um jornalismo imediatista estimula.
8 comentários:
confesso-me demasiado perplexa com esta história .. mas acima de tudo interrogo-me sobre como vai ela ser explicada à criança que aí vem.
Querida Once,
está carregadíssima de razão, essa vai ser a parte mais dramática da questão, quantos problemas de identidade não surgirão da paternidade e maternidade colocadas na misturadora!
Beijinho
Faço minhas as palavras de "Once in a While", e noto que, mais uma vez, o Paulo aproveita para cantar o nosso género, com uma elegância e delicadeza que muito apreciamos...
Beijo
Querida Cristina,
Nós é que temos de agradecer por serem como são! A preocupação expressa pela Once, com a costumeira generosidade, tem todinha a razão de ser.
Beijo
Bom, sobre a história, estou "abixornada" :-)
Quanto ao mais, as suas palavras, belas, são poucas (sei que concorda...), para descrever este ser excepcional que
é a mulher :-p
:-)
Quem quereria aprisionar um Ser com Tamanhas Asas, Querida Fugidia? Foi tão-só o meu testemunho de membro do culto do Numinoso Feminino, por assim dizer...
Bjinho
Esta notícia é arrepiante, por todas as razões invocadas. Ainda estou em choque com ela, e nem a brilhante observação "maternidade e paternidade na misturadora" me despertou o sentido de humor. Caramba, e isto é só um dos exemplos do rol de aberrações que os avanços da ciência proporcionam... adivinho os dilemas que ainda virão por aí. Todas as medalhas têm um reverso, de facto.
É realmente apavorante, Ana. Nem se consegue perceber a motivação, já que assumir "o sexo verdadeiro, que um engano da natureza falseou" é incompatível com inversões de sentido de marcha que tudo deixam (quase) na posição de partida.
Beijinho
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