O Espadim Desdenhado
A 13 de Março de 1634 teve lugar a primeira sessão da Academia Francesa, precursora de todas as instituições do género e, a partir daí, a mais invectivada mas desejada distinção, por tudo o que saiba, bem ou mal, rabiscar um papel. Quando o critério nem é a qualidade da escrita, ou qualquer outra arte, a orientação consagrada foi de admitir os beaux esprits.
Todas as Academias do Mundo passaram então a ser zurzidas, em nome do anquilosamento e secagem da criatividade, atribuídas com um pedantismo tão evidente como o do fardão à oficialidade, nas Artes & Letras. Mas em breve passou também a ser um truque de muitos que secretamente desejavam a eleiçãozita, confiados em que o masoquismo dos titulares os escolhesse para a confraria. A displicência de Montherlant, dizendo por escrito que não se importaria de ser eleito, no que valeu como a solicitação obrigatória da admissão... o «Marinetti Académico», de Almada...
Um deles e não dos menores, foi Alexis Piron, epigramista émulo de Voltaire, libertino tornado devoto que escrevera na juventude uma frase pouco simpática para a assembleia em que agora queria entrar. Tendo o condutor da votação posto o problema de que, muito embora todos o achassem merecedor, haveria a considerar o óbice da frase desrespeitosa, seguir-se-ia o parecer de Fontenelle:
Ah, se ele a escreveu, é preciso repreendê-lo. Mas se não o fez, não é preciso admiti-lo. O que faz da vontade de domesticação uma imparcialidade, ou vice-versa.
Luís XV acharia melhor substituir-lhe a cadeira por uma pensão, lembrando-se de quão licenciosa se mostrara uma célebre «Ode a Príapo» do Autor», o qual assim se viu traído pelo respectivo instrumento. A pena, claro. Entrou em seu lugar Buffon, que nos ensinou que o estilo é o homem. E de quem ainda se fala bastante mais do que do preterido.
Todas as Academias do Mundo passaram então a ser zurzidas, em nome do anquilosamento e secagem da criatividade, atribuídas com um pedantismo tão evidente como o do fardão à oficialidade, nas Artes & Letras. Mas em breve passou também a ser um truque de muitos que secretamente desejavam a eleiçãozita, confiados em que o masoquismo dos titulares os escolhesse para a confraria. A displicência de Montherlant, dizendo por escrito que não se importaria de ser eleito, no que valeu como a solicitação obrigatória da admissão... o «Marinetti Académico», de Almada...
Um deles e não dos menores, foi Alexis Piron, epigramista émulo de Voltaire, libertino tornado devoto que escrevera na juventude uma frase pouco simpática para a assembleia em que agora queria entrar. Tendo o condutor da votação posto o problema de que, muito embora todos o achassem merecedor, haveria a considerar o óbice da frase desrespeitosa, seguir-se-ia o parecer de Fontenelle:
Ah, se ele a escreveu, é preciso repreendê-lo. Mas se não o fez, não é preciso admiti-lo. O que faz da vontade de domesticação uma imparcialidade, ou vice-versa.
Luís XV acharia melhor substituir-lhe a cadeira por uma pensão, lembrando-se de quão licenciosa se mostrara uma célebre «Ode a Príapo» do Autor», o qual assim se viu traído pelo respectivo instrumento. A pena, claro. Entrou em seu lugar Buffon, que nos ensinou que o estilo é o homem. E de quem ainda se fala bastante mais do que do preterido.
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