quarta-feira, 19 de março de 2008

Fugacidade Dum Génio

Já tinha falado Daquele que considero o maior génio pianístico do Século: Dinu Lipatti faria hoje anos e nada melhor para postar numa Semana Santa do que o Protagonista da luta assombrosa contra uma leucemia alfim vencedora pela Mulher descrita como "um calvário". Os testemunhos de amigos como a grande Clara Haskil dão-no eternamente embaraçado com os elogios recebidos, ou com os sinais de transparência do sofrimento, ao pedagogo mítico, ao crítico penetrante sem uma palavra cruel e ao pianista único que foi. Cortot além de se ter demitido de um júri por a maioria (ah, esta maravilha) apenas lhe ter concedido um segundo prémio, disse que era a Perfeição.
Prefiro-lhe, do que nos deixou, o Concerto Nº 21 de Mozart, com um Karajan fresquinho, ou o "melhor disco de sempre", a par das Go(u)lden Goldeberg, as «Valsas» de Chopin. Mas o calendário e o tributo exigem que Vos ofereça este Bach de um Festival de Besançon em jeito de despedida, fazendo, contra o conselho médico, da Dor um argumento de onde sugar mais Arte, como noutra Páscoa Alguém fez dos tormentos a Via Donde extrair a Salvação. A muito apropriada Cantata «Ich Ruf Zu Dir, Herr Jesu Christ».

10 comentários:

fugidia disse...

Também gosto muito.

O Réprobo disse...

Querida Fugidia, Nada como Lipatti, para nos fazer o Milagre do Seu regresso. Nesta comunhão fiquemos, pois, sendo que tive já ocasião de expressar os meus sentimentos na Toca (ou refúgio) reaberta.
Beijinho muito amigo

Anónimo disse...

Devo ao Paulo a descoberta deste virtuoso do piano(tinha a gravação mas nunca tinha ouvido); de lá para cá tornou-se numa referência obrigatória, que me faz secundar os seus elogios.
Tem, pois, toda a legitimidade para "cair" no "eu não dizia?" :)
Beijo

fugidia disse...

Agradeço-lhe aqui, querido Réprobo, ao som do Lipatti.
Um beijinho também para si.

O Réprobo disse...

Querida Cristina,
quer crer que um prazer adicional da extraordinária Arte Lipattiana me foi dado pela recaptulação da nossa conversa sobre o Tema, que reli, antes de linkar, no texto?
É tão bom saber que fui uma pedra no pavimento da ponte entre um Grande Espírito Passado e Um do Presente... não é por acaso que o título do blogue está, na imagem do cabeçalho, sobre uma dessas... travessias, para me neter com o Caríssimo Bic Laranja.
Beijo

O Réprobo disse...

Querida Fugidia,
Agradecimentos são para eu formular, não para receber. Desde logo por me permitir "escutá-La", com tal acompanhamento em fundo.
Beijinho

ana v. disse...

Lipatti era realmente um virtuoso, e a peça escolhida bem o comprova. Já agora, deixe-me lembrar outra artista que fez do sofrimento físico extremo (e não só físico) o expoente máximo da sua arte: Frida Khalo. Goste-se ou não do resultado (eu gosto, por sinal) os seus quadros são admiráveis hinos à dor transfigurada em arte.
Um beijinho

O Réprobo disse...

A Frida, Querida Ana, desperta sentimentos contraditórios em mim, o que não impede se recconhecer interesse à obra, ao contrário da eserilidade para além da superfície do combate, presente no completamente diverso trabalho de Rivera.
Quem é especialista no Tema é a minha Querida Amiga e nossa Colega de «Quando o Rei Era Sabão».
Beijinho

ana v. disse...

Concordo inteiramente, Paulo. Rivera era panfletário, e a sua pintura esgota-se aí. A de Frida é muitíssimo mais poderosa porque vinha de dentro, da emoção funda e... lá está, do sofrimento.
Vou fazer a visita sugerida, obrigada pela dica.
Um beijinho

O Réprobo disse...

Querida Ana,
vá que encontrarão muito sobre que conversar.
É isso mesmo, a dimensão maior a que DR poderá aspirar é a de inspirador, porque íntimo torturador da artista maior com que viveu.
Beijinho