Cumprir-se
Dois grandes poetas nasceram a 26 de Março e gostaria de homenageá-los, aproximando aqui numa breve reflexão dois dos seus poemas.
Sabe-se que os outros animais também conhecem a hesitação e a culpa, embora esta última ditada pelas consequências da transgressão, que não por uma pré-ordenação comportamental. O que lhes é absolutamente estranho é a doentia recriminação pelo que podia ter sido. E também a necessidade de optar pelas vias originais, para depois lamentar, não se coaduna com a natureza respectiva, que é muito mais escorreitamente ou de grupo ou de solitário. Daí a naturalidade perante a morte, impossível de encontrar entre os homens com consciências pouco limpas, arrependidos de opções que livremente tomaram, sonhando-se na projecção do que poderiam ter sido se..., que gera assim na nossa Espécie o desgosto da própria superioridade tão apregoada.
Combinemos Alfred de Vigny e Robert Frost:
LA MORT DU LOUP (III)
Hélas! ai-je pensé, malgré ce grand nom d´Hommes,
Que j´ai honte de nous, débiles que nous sommes!
Comment on doit quitter la vie et tous ses maux,
Cést vous qui le savez, sublimes animaux!
A voir ce que l´on fut sur terre et ce qu´on laisse,
Seul le silence est grand; tout le reste est faiblesse.
- Ah! Je t´ai bien compris, sauvage voyageur,
Et ton dernier regard m´est allé jusqu´au coeur!
Il disait: «Si tu peux, fais que ton âme arrive,
A force de rester studieuse et pensive,
Jusqu´à ce haut degré de stoïque fierté
Où naissant dans les bois, j´ai tout d´abord monté
Gémir, pleurer, prier, est également lâche.
Fais énergiquement ta longue et lourde tâche
Dans la voie où le sort a voulu t`appeler,
Puis, aprés, comme moi, soufre et meurs sans parler.».
THE ROAD NOT TAKENSabe-se que os outros animais também conhecem a hesitação e a culpa, embora esta última ditada pelas consequências da transgressão, que não por uma pré-ordenação comportamental. O que lhes é absolutamente estranho é a doentia recriminação pelo que podia ter sido. E também a necessidade de optar pelas vias originais, para depois lamentar, não se coaduna com a natureza respectiva, que é muito mais escorreitamente ou de grupo ou de solitário. Daí a naturalidade perante a morte, impossível de encontrar entre os homens com consciências pouco limpas, arrependidos de opções que livremente tomaram, sonhando-se na projecção do que poderiam ter sido se..., que gera assim na nossa Espécie o desgosto da própria superioridade tão apregoada.
Combinemos Alfred de Vigny e Robert Frost:
LA MORT DU LOUP (III)
Hélas! ai-je pensé, malgré ce grand nom d´Hommes,
Que j´ai honte de nous, débiles que nous sommes!
Comment on doit quitter la vie et tous ses maux,
Cést vous qui le savez, sublimes animaux!
A voir ce que l´on fut sur terre et ce qu´on laisse,
Seul le silence est grand; tout le reste est faiblesse.
- Ah! Je t´ai bien compris, sauvage voyageur,
Et ton dernier regard m´est allé jusqu´au coeur!
Il disait: «Si tu peux, fais que ton âme arrive,
A force de rester studieuse et pensive,
Jusqu´à ce haut degré de stoïque fierté
Où naissant dans les bois, j´ai tout d´abord monté
Gémir, pleurer, prier, est également lâche.
Fais énergiquement ta longue et lourde tâche
Dans la voie où le sort a voulu t`appeler,
Puis, aprés, comme moi, soufre et meurs sans parler.».
Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveller, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;
Then took the other, as just as fair,
And have perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same.
And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.
I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood and I -
I took the one less travelled by,
And that has made all the difference.
8 comentários:
Olha olha, também gosta de gatos... isto vai!
Ai vai, vai :)
Antes do mais, Paulo, grata pela visita!
Esta sua comemoração poética é excelente! Não sei por que associação de ideias, lembrei-me de Hobbes e de quão verdadeira é a sua máxima "o homem é o lobo do homem"; já que acertou na palavra menos simpática lá no "Estado", desafio-o a enxergar onde fui eu buscar tal associação :)
Beijo
A propósito do post,
já lhe disse que gosto de poesia?
Acho que sim...
:-)
A propósito do comentário da Cristina Ribeiro,
e Rousseau dizia que não (e entre os dois acho que escolho este)...
:-)
Mei Caro Nuno,
Se vai e se gosto!
Ficam os dali do cabeçalho como caos que faça companhia ao Vosso Kao e ao Klaus da Cristina...
Entretanto, sugiro uma visitinha ao Blogue «Queridos Gatos», linkado ali na barra cinzenta. Vai deliciar-Se.
Abraço
Querida Cristina,
era preciso que eu fosse muito LOBAZANA para não descobrir... Ai! Isto prejudicou muito a expressão do que eu queria significar! Mas já está marcado o ponto, não?
Beijo
Querida Fugidia,
em nada admira esse gosto, é sinal de que Se preza, pois tudo em Si A revela como um Poema...
Quanto à problemática de fundo, só não digo que o Rousseau era um aluado, porque, conhecidos os efeitos que o Satélite exerce na licantropia, ainda concluiriam que estava a tomar partido.
Beijinho
Belíssima reflexão, Paulo. E belíssimos exemplos a ilustrá-la.
Um beijinho
Obrigado Ana, É um Par que sabia da poda e o contacto com eles até faz passar as minhas pobres palavras por pertinentes.
Beijinho
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