quinta-feira, 26 de junho de 2008

Paladar Aturado

Os mais clarividentes viram logo que este anúncio retirado, mais do que polémico era um falhanço, já que só se fez notar pela controvérsia relacionada com a venda de imagem de uma harmonia familiar gay, não por eficazmente promover o produto alimentar que o pagou.
É evidente que as contestações dos simpatizantes da causa dos casamentos e adopções homo que vieram papaguear ser o spot o evidenciar de uma realidade existente mas escondida caíram num contra-senso: se a luta deles é para que se permita à tal sexualidade intergénero casar e adoptar, é evidente que é algo que querem implementar, não uma coisa que se pretenda meramente reconhecida.
Está visto que o que se teve em vista foi fazer da Fada da Maionese a madrinha dos três desejos desta gente - fingir que as crianças encararão com naturalidade serem privadas de uma Mãe, a harmonia no matrimónio idealizado da subespécie, contraposto às dificuldades dos hetero e a associação da habilidade extra de um chef de cuisine, como índice de exclência daquelas gentes. Mas a própria protectora mitológica deste molho não parece competente o bastante para os atender.

Aliás é curioso confrontar os protestos habituais das Feministas com a mensagem destas imagens: elas não podem ver uma Mulher com um avental, levando a cabo uma tarefa doméstica, que não se insurjam contra a subalternização da Mulher. Os aclamadores do anúncio não acham nada inverosímil um uniforme de cozinheiro numa residencia familiar e aspiram a essa mesma opressão familiar. É combater um fogo com outro, no paupérrimo cozinhado publicitário que conseguiu o feito de propagandear uma substância pegajosa de forma que não pega.

6 comentários:

ana v. disse...

Não concordo, Paulo. Acho o anúncio divertido e irónico, e parece-me de um puritanismo saloio retirá-lo do ar por causa de um beijo entre dois homens. Já quanto à eficácia da publicidade para o produto tenho as minhas dúvidas, mas se não foi conseguida com o filme foi plenamente atingida com a polémica que se tem gerado à volta disto. Propositado? Não sei...
Quanto aos protestos feministas, é natural que não os haja neste caso: elas sentem-se sempre vingadas com um homem assim "subalternizado", seja ou não gay. E eu estou à vontade para falar porque, podendo ser considerada feminista, não tenho nada que ver com esses fundamentalismos: cozinhar é um dos meus prazeres e faço-o sempre de avental! E mais, acho que um homem fica sempre sexy de avental.
;)

O Réprobo disse...

Quer então dizer que a Ana acha que muita gente vai passar a comprar maionese daquela marca (a propósito, qual era?), por causa deste anúncio?
Não consegui ver a parte hilariante pretendida, apesar de julgar ter descoberto a da frustração dos objectivos, mas posso ter o sentido de humor embotado.

Também não me parece que as feministas façanhudas tenham esse sentimento, porque nunca lhes passou pela cabeça sentirem-se oprimidas por este tipo de... homens. E por costumarem fazer causa comum com tudo o que se imagina vítima da masculinidade hã maioritária.

Essa de achar sexy os homens de avental é que tenho de agradecer-Lhe. Nunca até hoje tinha percebido por que tanto maduro adere à maçonaria!

E nunca A tinha pensado como feminista. Mas dou graças por se nos haver revelado uma Maga da cozinha, ou teria eu deixado este mundo sem travar conhecimento com uma deliciosa mousse...
Beijinho

Beatriz disse...

Rép, maionese, essa imagem, enfim esse assnto. Só você conseguir parecer coisa séria.
Tem "Temperamento" lá no Compulsão.

ana v. disse...

Ora bem, comecemos pelo princípio:
1. A marca é a Heinz, sobejamente conhecida para poder dar-se ao luxo de fazer estas campanhas provocatórias que sabe, de antemão, virem a fazer barulho mediático. A Benneton fez sempre campanhas chocantes e não se deu mal com a estratégia...
E eu não disse que era hilariante, disse só que era divertido.
2. As feministas façanhudas sentem-se vingadas por ver os homens ridicularizados por um deles, ainda que seja um homosexual. Não deixa de ser curioso.
3. Acho sexy um homem na cozinha, mas não acho minimamente interessantes os maduros de avental simbólico, geralmente muito maçadores. Prefiro gente saudável.
4. Sim, posso considerar-me feminista e o rótulo não me envergonha nada. O peso da palavra assusta por ter estado ligado a excessos passados, mas o seu significado vai mais longe do que isso. Mas não sou, nisto como em nada na vida, fundamentalista!

Uff! Respondido, irmão Paulo?
Beijinho

O Réprobo disse...

Querida Bea,
vou ver, vou ver.
Beijinho

O Réprobo disse...

Valha-nos isso, a parte da padreirada. E só disse que não A via Feminista, não que Se tinha de envergonhar. Como me permito duvidar de que o nome da maionese, pertença de uma nossa compatriota de origem, passe para quem não vá procurá-lo...
Beijinho