Ristauratore Traditore?
6 de Março, dia do aniversário de Miguel Ângelo. Gostaria de ver associado ao escrutínio da exactidão biográfica uma igual vigilância versando a incorruptibilidade da obra, numa altura em que a febre dos códigos secretos ameaça contagiar o Buonarrotti, descobrindo-lhe por detrás da representação do Princípio e do Fim da Humanidade criada algo tão funcional como um Atlas de Anatomia.
Mas esse é o mais pequeno e resolúvel dos problemas que a herança dele deixou. Já me referi ao aparato comentarista que lhe preserva o valor simbólico e sentimental da obra, assim como dei conta da desvirtuação que o pudor arriscaria acrescentar-lhe.
Hoje mencionaria a polémica que dividiu os especializados cultores da obra do Génio, alinhando-os no partido favorável aos trabalhos de restauro, considerados reveladores de riqueza perdida por acção do tempo e das agressões do meio, segundo o critério decidido em 1964, tendo Carlo Pietrangelli na liderança, e os que os rejeitavam, capitaneados por Venanzio Crocetti, os quais consideravam adulteração o uso de diluentes à base de bicarbonato de soda, que não distinguiriam entre as tintas de cola de reparações anteriores e as usadas pelo próprio Renascentista, além de alterarem as cores. Esta acusação não colou ao outro lado, contra-argumentando que M. A. não retocava com tintas dessas, após a conclusão da pintura a têmpera, embora não explicando a razão desta necessidade de mexer em frescos que considerados pelos estudiosos em excelente estado, aumentando as suspeitas de ser cedência à estratégia publicitária da produtora televisiva japonesa que patrocinaria os cuidados, em vista à garantia da concessão dos direitos de filmagem detalhada.
O Artista, ao reconhecer um erro na concepção da abóbada da ala Sul da Basílica de S. Pedro, conducente à destruição do que já fora edificado, escreveu se se pudesse morrer de vergonha e de dor eu já não estaria vivo. Que diria ele das tropelias que a sua obra sofreria e do engano de acreditar que elas perpetuariam, sem trair, a sua concepção?
Junto a medalha que Leone Leoni mandou ao Mestre, com a efígie, que lhe esculpira.
Mas esse é o mais pequeno e resolúvel dos problemas que a herança dele deixou. Já me referi ao aparato comentarista que lhe preserva o valor simbólico e sentimental da obra, assim como dei conta da desvirtuação que o pudor arriscaria acrescentar-lhe.
Hoje mencionaria a polémica que dividiu os especializados cultores da obra do Génio, alinhando-os no partido favorável aos trabalhos de restauro, considerados reveladores de riqueza perdida por acção do tempo e das agressões do meio, segundo o critério decidido em 1964, tendo Carlo Pietrangelli na liderança, e os que os rejeitavam, capitaneados por Venanzio Crocetti, os quais consideravam adulteração o uso de diluentes à base de bicarbonato de soda, que não distinguiriam entre as tintas de cola de reparações anteriores e as usadas pelo próprio Renascentista, além de alterarem as cores. Esta acusação não colou ao outro lado, contra-argumentando que M. A. não retocava com tintas dessas, após a conclusão da pintura a têmpera, embora não explicando a razão desta necessidade de mexer em frescos que considerados pelos estudiosos em excelente estado, aumentando as suspeitas de ser cedência à estratégia publicitária da produtora televisiva japonesa que patrocinaria os cuidados, em vista à garantia da concessão dos direitos de filmagem detalhada.
O Artista, ao reconhecer um erro na concepção da abóbada da ala Sul da Basílica de S. Pedro, conducente à destruição do que já fora edificado, escreveu se se pudesse morrer de vergonha e de dor eu já não estaria vivo. Que diria ele das tropelias que a sua obra sofreria e do engano de acreditar que elas perpetuariam, sem trair, a sua concepção?
Junto a medalha que Leone Leoni mandou ao Mestre, com a efígie, que lhe esculpira.
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