sábado, 26 de abril de 2008

Cavar a Língua

Ao ler esta parte do DN de hoje, vejo uma velha pecha linguística, a confusão das preposições sob e sobre, revestir-se da periculosidade acrescida que conferem as mutações dos virus. Normalmente o sob era obliterado, substituído por um sobre impante. Assim, sob suspeita, sob detenção, davam as "sobredades" que levaram Alberto Pimenta a uma crónica genial; cliquem para aumentar, qua a leitura vale a pena.Na peça em apreço verifica-se a inversa. A Autora fala em missões do alemão arrependido sob o território britânico. Após o contacto inicial, pensei que se tratasse de um sapador. Mas não, era homem da aviação. Até que se fez luz: para a Signatária do artigo, "missão" não era sinónimo de voo, mas de bomba tout court. E aí há que dar-lhe razão, pois as crateras deixadas pelos engenhos explosivos do ar lançados vão ainda mais fundo do que os buracos abertos no idioma.
Cratera de Bomba Com Flores de Otto Dix

8 comentários:

cristina ribeiro disse...

Ai, ai. É o que se me oferece dizer, pois pergunto-me onde está a responsabilidade de quem escreve para ser lido por muita gente, e é pago para o fazer bem.
Beijo

O Réprobo disse...

Pois é, Querida Cristina, temos de meditar bem SOB o assunto.
Bj.

Bic Laranja disse...

Gostei desta. Sempre a nivelar por cima... Salvo no que se refere ao estrangeiro.
Cumpts.

O Réprobo disse...

Meu Caro Bic,
a bem dizer, é tudo uma questão de a língua escrita estar sobre ou sob escrutínio.
Abraço

ana v. disse...

Estou um ou dois dias sem aparecer e descubro que tenho muita leitura atrasada... que produtividade, Paulo, hein? Ora vamos lá então à actualização, disciplinadamente...
beijinho

ana v. disse...

Não consegui ler a crónica, infelizmente, porque a fotografia aumentada fica muito desfocada. Mas esta troca que refere parece-me sintomática da confusão que para aí vai quanto a posições ocupadas e desejadas: muitos gostariam de estar "sobre", mas não conseguem mais do que estar "sob"...
Beijinho

O Réprobo disse...

E nós para aqui cheinhos de saudades Desta Visita a Quem pertence a casa!

Querida Ana, não me diga! Vou já digitalizar de novo e mando-Lhe por e-maol!
Beijinho

ana v. disse...

Obrigada, já li agora.
Sempre atencioso, meu amigo.