Confissões de Umas Máscaras
Dizia Oscar Wilde um homem investido da própria pessoa mente sempre, se quiserem ouvi-lo dizer a verdade que lhe dêem uma máscara. A só aparente contradição, que torna impossível a coexistência verbal e identitária do Vero, vem a calhar como lembrança do Artista que se definiu como Pintor de Máscaras e nascera a 13 de Abril, James Ensor. De mascaradas, com efeito, povoou ele a sua obra, numa coexistência desordenada com os demónios, muitas vezes umas e outros arregimentados em espaços repletos, o que elimina o propósito da consideração do dramaturgo irlandês. Com efeito, o mascarado só se dará ao trabalho de gritar o que normalmente não tem coragem a auditores que se não apresentem com o mesmo erradicador de responsabilidade que ele. E o sopro demoníaco de todo o lado emergente arrasta consigo a desvinculação ao Bem e ao Verdadeiro, na medida em que as revelações sob anonimato participam geralmente da intenção de fazer mal a alguém.Por isso, das suas obras, prefiro este Expulsão dos Anjos Rebeldes, em que o caos provém da luta entre os dois domínios bem demarcados, não já da hesitante atribuição da qualidade do que não é falso. Assim sou levado, em acto contínuo, para o outro aniversariante do dia, Samuel Beckett, que viu o abismo maior em redor do Homem no vazio que ele se cria em volta, ao ponto de as próprias relações e considerações de cada indivíduo perderem a nitidez lógica que a definição dos campos dá.
8 comentários:
Gosto muito das imagens que escolhe para os posts. Bom gosto e o blog é um dos mais bonitos desta "esfera". Parabéns.
Seguindo a lógica de Wilde, será que haverá alguém no Governo que, mascarando-se, perca o medo de represálias e ponha a boca no trombone? Nã, acho que nem assim ...
(e agora um intervalozinho para me meter com o Paulo: assim se prova que quer o Branco, quer o Verde-e-Branco não se estragam um ao outro :))
Beijo
Muito obrigado, Caro Nuno,
é natural que tenhamos afinidades co terreno das Belas-Artes, já que o template do meu anterior blogue era o magnífico Azul do Vosso...
Quanto às ilustrações, vou tentando, para além da Estética, obter delas um apport de Significado que acrescente.
Abraço
Querida Cristina,
eu suspeito de que os governantes estão todos aprisionados na máscara do Sr.Sócrates, pelo que não os deve tranquilizar muito. Um que desabafasse, em havendo dúvida da autoria, ia tudo para a rua.
Uuuuuum, não me parece que pela Escócia percebam essa frase, mas pronto...
Beijo
Caro Réprobo, o que eu aprendo por aqui .. nem sempre comentadora, mas leitora atenta que por vezes se sente "aluna" (risos).
Samuel Beckett que tive de traduzir há alguns anos tem uma frase que me ficou na mente deste então .. aqui a deixo e me repito nos parabéns pela sua versatilidade.
"Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better"
Querida Once, pura bondade, a Sua!
Beckett é enorme na via que escolheu, retirada dos precursos corriqueiros que a tornam siportável, mas que o seria bastante menos sem o contrapeso alerta da obra dele.
Dou-Lhe o oposto, de optimismo apetecível, mas que deixa maior perigo de sucumbir, vendo-se desmentido:
De Bulwer-Lytton,
"In the lexicon of youth, which Fate reserves
For a bright manhood, there is no such word
As - Fail".
Beijinho
entre realismo e optimismo, mesmo considerando ser uma pessoa positiva caro Amigo, prefiro a primeira noção. E .. até na minha juventude (risos) .. falhei! ;)
Querida Once,
quem não prefere, quem não prefere?
A outra é muito mais perigosa.
Vai uma apostinha que esse "falhanço" é como o muito incompreendido dos "Vencidos da Vida", que tão explicado por Eça em função das aspiraçoes veio a ser?
Beijinho
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