quinta-feira, 10 de abril de 2008

Trabalhos Forçados

Devo deixar claro que sou contra a nova ideia genial que o não menos genial pseudo-Governo quer trazer à Função Pública. Uma coisa é o sector privado em que, se ambas as partes ficarem com isso satisfeitas, nada obsta a que a actividade profissional seja desenvolvida nos lares dos empregados, estando perante obrigações de resultado. Outra coisa é o Funcionalismo, de cuja essência faz parte a confiança do público, indissociável da visibilidade da presença nas instituições dos membros desse corpo com benefícios e obrigações especiais. Qualquer dia, estende-se à tropa o toque de alvorada por PC transmitido, a enveredarmos por esta via...
E não fiquem os trabalhadores muito satisfeitinhos da vida com a mudança anunciada. O Socratismo não dá ponto sem nó. Ou muito me engano ou este será o primeiro passo para restringir as baixas por doença e as licenças de maternidade, obrigando a fazer por casa as tarefas que não sejam manifestamente incompatíveis com o estado físico dos beneficiários dessa pausa.

10 comentários:

Luísa A. disse...

Confesso-lhe, meu caro Réprobo, que sou incondicional adepta do trabalho em casa… especialmente em dias de chuva! Mas tenho dúvidas de que a iniciativa obtenha grande adesão. No sector privado, não a teve. Em Espanha, não sei, mas por alguma razão não são avançados números. É que, não só os funcionários e os trabalhadores em geral gostam de sair à rua, diariamente, e de cumprir a rotina de deslocação para o emprego – as suas queixas de dificuldades familiares visam apenas a redução de horários de trabalho, que é uma «ambição» diferente – como também as administrações e as chefias gostam de sentir a presença dos seus subordinados e de poder exercer um controlo maior e mais palpável. A verdadeira gestão por resultados está ainda – suspeito - um pouco distante dos nossos quadros mentais.

fugidia disse...

meu caro Réprobo,
concordo com a Luísa e acrescento que é necessário uma grande disciplina para se conseguir trabalhar em casa, com uma série de outras "tarefas" sempre à espreita...
Eu gosto de trabalhar em casa desde que esteja sozinha. Mas não todos os dias: também gosto de sair :-)
Isto, claro, sem mencionar a tal questão da baixa médica/assistência à família/licença de maternidade, que não podem, claramente, ser distorcidas por esta medida...

Anónimo disse...

Qualquer dia o próprio governo reúne em videoconferência sem sair do conforto do lar.

O Réprobo disse...

Querida Luísa,
mas claro que trabalhar em casa pode ser excelente, eu que o diga. Para funcionários públicos é que não, porque me parece fazer parte da essência dessa condição não exercer a profissão em sedes que não pertençam ao Estado, para além da desconfiança que acredito gerar na População uma retirada a penates de efectivos que esperariam ver nas repartições, escolas e centros de saúde...
Beijinho

O Réprobo disse...

Querida Fugidia,
o problema que levanta, das distracções que solicitam um trabalhador no seu ambiente é muito importante. E considero a percepção dele uma agravante na possibilidade de desconfiança do cidadão comum face aos seus funcionários, precisamente o inverso do que se pretende.
Beijinho

O Réprobo disse...

Meu Caro Rudolfo Moreira,
estou certo de que seria a maneira de ser mandado para casa que este, como qualquer outro executivo, preferiria.
Abraço

ana v. disse...

Vindo deste governo, só pode mesmo ser um presente envenenado. Pressinto que vem aí a segunda parte do embrulho, e não será tão apelativa...

O Réprobo disse...

Querida Ana,
dar com uma mão, tirar com a outra... não é um código de conduta que assenta bem a Sócrates & C.ª, quando não se lembram de tirar com as duas?
Beijinho

Anónimo disse...

Quem diz trabalhar em casa diz na Mota Engil, na Iberdrola...
Tirar com as duas. Ponha-se no manual das boas práticas!
Cumpts.

O Réprobo disse...

Meu Caro Bic,
quando o árbitro é caseiro a competência retrai-se e... só dá casa!
Abraço