A Honra e os Dias
Eu posso ser acusado de muita coisa, mas não de ser um rapazinho de má vontade. Juro que procurei a bom procurar uma qualquer razão para comemorar o dia de hoje, querendo contrabalançar o tema fúnebre que invadiu os noticiários. Porém só me saíam desgraças, fossse o Cromwell degolador de Reis e massacrador de Povos, como o da católica Irlanda, ou a primeira execução por uma guilhotina, de Reis degoladora e de Povos massacrante, no Terror.
Até que achei algo de jeito. Al Pacino! Bom, excelente actor. No melhor filme em que entrou, «O Padrinho», por bem que se desincunbisse da espinhosa encarnação de herdeiro mafioso educado para outro efeito, veria sempre a sua excelente interpretação ensombrada por as origens facilitarem a corporização italo-americana, o que faria fatalmente aumentar a sombra de Brando e a concorrência de De Niro, embora neste também a voz do sangue tivesse palavra a dizer. O seu melhor desempenho, todavia, localizo-o num filme que vai sendo preocupantemente relegado para o exclusivo conhecimento dos cinéfilos: «Serpico».
Assim, recorro hoje a outra instância, uma fita mais recente, embora com um ostensivo overacting. «Perfume de Mulher», com a cena do discurso final que comove sempre, pela mesma razão que cativava a oratória justificativa dos acossados heróis de Capra, a do triunfo da justeza e das cruzadas pessoais contra os arranjos de bastidores que perpetuam sistemas, influências e inverdades.
Mas há mais e não pode deixar de ser referido. A defesa da verticalidade que recusa as delações é uma mera modalidade do pleito pela Honra. E porque o próprio Tenente-Coronel cego o menciona, é também o que devemos a todos os Mutilados de Guerra, o de não sermos cúmplices de assinaturas de documentos degradantes, sejam os das transigências e composições que vergonhosamente premeiam, sejam das vergonhas transigentes que entregam de mão beijada ao inimigo terras nossas em nome de cuja conservação foram mortos um Rei, um Príncipe e tantos Portugueses de vária condição. Aquilo que mais se deve a Eles e aos Estropiados nem é tanto o montão dos olhos ou dos membros que perderam, mas a disponibilidade para lhes continuarmos o combate, até ficarmos absolutamente exauridos ou triunfantes. A tal que também foi obviada pelas assinaturas do opróbrio, desses filhotes dos que defenderam o ultra-colonialismo para ganharem as emoções que os guindassem ao Poder, fazendo-se instrumentos do ultra-entreguismo que lhes rendesse as palmadinhas nas costas para se sentarem nas mesmas cadeiras.
Nesse sentido há uma outra razão para este postal na data de hoje. Mas pela negativa.
Até que achei algo de jeito. Al Pacino! Bom, excelente actor. No melhor filme em que entrou, «O Padrinho», por bem que se desincunbisse da espinhosa encarnação de herdeiro mafioso educado para outro efeito, veria sempre a sua excelente interpretação ensombrada por as origens facilitarem a corporização italo-americana, o que faria fatalmente aumentar a sombra de Brando e a concorrência de De Niro, embora neste também a voz do sangue tivesse palavra a dizer. O seu melhor desempenho, todavia, localizo-o num filme que vai sendo preocupantemente relegado para o exclusivo conhecimento dos cinéfilos: «Serpico».
Assim, recorro hoje a outra instância, uma fita mais recente, embora com um ostensivo overacting. «Perfume de Mulher», com a cena do discurso final que comove sempre, pela mesma razão que cativava a oratória justificativa dos acossados heróis de Capra, a do triunfo da justeza e das cruzadas pessoais contra os arranjos de bastidores que perpetuam sistemas, influências e inverdades.
Mas há mais e não pode deixar de ser referido. A defesa da verticalidade que recusa as delações é uma mera modalidade do pleito pela Honra. E porque o próprio Tenente-Coronel cego o menciona, é também o que devemos a todos os Mutilados de Guerra, o de não sermos cúmplices de assinaturas de documentos degradantes, sejam os das transigências e composições que vergonhosamente premeiam, sejam das vergonhas transigentes que entregam de mão beijada ao inimigo terras nossas em nome de cuja conservação foram mortos um Rei, um Príncipe e tantos Portugueses de vária condição. Aquilo que mais se deve a Eles e aos Estropiados nem é tanto o montão dos olhos ou dos membros que perderam, mas a disponibilidade para lhes continuarmos o combate, até ficarmos absolutamente exauridos ou triunfantes. A tal que também foi obviada pelas assinaturas do opróbrio, desses filhotes dos que defenderam o ultra-colonialismo para ganharem as emoções que os guindassem ao Poder, fazendo-se instrumentos do ultra-entreguismo que lhes rendesse as palmadinhas nas costas para se sentarem nas mesmas cadeiras.
Nesse sentido há uma outra razão para este postal na data de hoje. Mas pela negativa.
10 comentários:
perfilho a mesma opini�o ,Querido Paulo...tambem tive dificuldade e digo-lhe que me apeteceu dizer coisas bem feias. fui clareando as ideias, ao longo do dia..
beijinho
É. O "Perfume de Homem" que salta do ecrã não chega para disfarçar tudo quanto está por detrás e nas entrelinhas...
Beijo
Integridade é mesmo a palavra chave, Paulo. Uma coisa que vai rareando hoje em dia, infelizmente, trocada por atitudes de conveniência, sempre "negociáveis".
Um beijo
Querida Júlia,
é o efeito que os cravas, quer dizer, os escravos, irra, os cravos têm sobre nós. Há que reflectir e divertirmo-nos, para ascender à tal clarividência que os relegue para o cantinho de castigo correspondente à importância que têm.
Mas já passou.
Beijinho
Querida Cristina,
mal iríamos, se alinhássemos na injustiça de considerar a ilustre personagem um perfumadinho. Mas o título vai bem, não só relativamente à captação da Essência Feminina, como também em jeito de pista de apreensão da que rege a globalidade.
Beijo
Querida Ana,
estamos na erá da negociata, uma degradação da do negócio, que já tinha sucedido à da negociação. Sempre a descer. Pelo que este vídeo também pode ser arrumado na prateleira das referências a espécies em vias de extinção.
Bjinho
Pois eu fui para o campo, para o Alentejo profundo, mas em trabalho...E ainda bem, porque não me lembrei mais da data fatal (fatela?)...
Ambas, Caríssimo TSantos!
E obrigadíssimo por nos teres explicado, com caso prático, o que é "o trabalho como evasão". Não escrevo "libertação" para não me prestar a confusões hitlerianas ou demo-liberais.
Abraço
:)
E já agora, uma observação curiosa: em pleno Alentejo, supostamente "vermelho", não notei qualquer sinal que reflectisse a comemoração da fatídica data...
É claro que estava um "calor dos diabos", e o sítio por onde andei fosse algo distante do coração da zona vermelha (Elvas), mas mesmo assim...
Ab
Meu Caro TSantos,
os Compadris podem, pouco a pouco, ir-se fartando dos dôtoris do partido, mas da sesta nunca se cansarão. Ainda bem, que muito gosto daquele povo entre o qual vivi e pena tinha de o ver manietado por foices marteleiras.
Abraço
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