terça-feira, 15 de abril de 2008

Leonardo Sem Códigos

Muito do terreno que se preparou para as ficções esotéricas de Leonardo Da Vinci se deve às cumulativas qualidades da Genialidade multifacetada e da abstenção de participar na vida social do tempo. A nossa tendência para recriar o que é admirável sob uma multitude de pontos de vista poderia compreender, sem mais, um homem dos sete ofícios, como Bemjamin Franklin, desde que lhe conhece os apoios de as fraquezas comuns à maior parte dos seres humanos. Com o Renascentista, a 15 de Abril nascido, é diferente, a reserva de si, a recusa de se aplicar nas distracções e relaçoes da vida, ao contrário do que fizeram Rafael e até Miguel Ângelo exarcebariam forçosamente a já natural mitificação de um sobredotado em muitos domínios, fazendo sonhar os admiradores sobre o ou um segredo que o moveria.
Para mim, nada mais apto a simbolizar a globalidade do seu esforço do que o projecto do helicóptero. O desenho desta máquina, que retomava o princípio das engenhocas de penas giratórias dos Chineses da Era Antiga, proclama o próprio princípio que mais facilmente associamos ao Génio, o daquele que se consegue elevar sem necessidade de exibir o balanço tomado.
Não sei se terá sido em intento de homenagem, mas calhou o primeiro helicóptero moderno a subir coisa que se visse, o de Enrico Forlanini, à direita, a triunfar dessa experiência no dia de 1877 em que se comemorava o aniversário do Autor da Última Ceia. Na concepção que ambos partilharam um outro indício há de que o invento encerra um simbolismo acrescido - e não menos feliz - do legado davinciano: o de que os dons invulgares, quando portadores de uma dimensão esmagadora e pretextos de secretismo, não param de fazer a cabeça do comum dos mortais andar à roda.

4 comentários:

ana v. disse...

Sem códigos e em toda a extensão do seu transbordante talento! Realmente, conceber um helicóptero séculos antes de ele ser viável, é de génio. E além dos engenhos voadores, também os marítimos: o escafandro, por exemplo, é outra prova da invulgar visão de Leonardo. E muitos outros.

O Réprobo disse...

Era um Passarão, Querida Ana, ehehehehe.
O helicóptero já fascinara, em hipótese, outros grandes espíritos, Arquimedes incluído. Mas a primeira tentativa de projectá-lo em cientificidade de pormenor foi do tatento único deste expoente de pluralidade de talentos.
Bj.
Melhorzinha?

fugidia disse...

Sem dúvida, um visionário, um génio cheio de talento. E como pintor tem obras belíssimas e ás vezes pouco faladas.

Caro Réprobo, diria que Vexa é uma enciclopédia ambulante não fora ter já vislumbrado parte da sua familia e poder, assim, dizer, que quem sai aos seus...
:-) :-) :-)

O Réprobo disse...

Vossa Graça é muito amável, mas não passo de uma ovelha ronhosa, embora espere que apenas uma ou duas vezes por ano ranhosa.
Beijinho