Maurras e o Tempo Dele
Mais um ano passado sobre o dia do nascimento de Maurras, a quem haverá sobretudo a reprovar o não ter sabido ser suficientemente maurrasiano. Desde logo por não ter conseguido manter a sua aversão ao conceito Romântico da Nação. Havendo doutrinado tantos jovens sobre a necessidade de fazer recuar o Nacionalismo às origens, a Bodin, com a significação profunda da aliança entre Rei e Povo - a primeira Frente Popular, lhe chamou -, contra os interesses particularistas e de facção, deixou-se cair na armadilha anti-dreyfusard de ver na condenação um julgamento nacional, expressando um sentir colectivo que era o sentimentalismo de apenas uma metade da França. Foi precisamente a persistência de querer ter diante dos olhos o significado genérico, antes do julgamento individual com a aplicação prevista das audiências e recursos, que traiu o mecanismo de segurança tradicional que sempre havia exemplarmente defendido. Assim como, invocando o valor aglutinador do Rei e o civilizador da Igreja contra os partidos e facções, se deixou escorregar para o conflito com o Herdeiro da Coroa, ou para a luta pela condenação da irritante Democracia Cristã de Sangnier, transformando-se em chefe partidário e no alvo de todos os ódios clericais que conduziram a uma marginalização descoroçoante e terrível para o seu combate.
Como, no fim, partindo da justa posição da solidez do Seu País na solidão num conflito mundial em que já não contava como força de primeira grandeza, deixando-se cair no que esse Pétain a que sempre continuou fidelíssimo evitou totalmente: transigir em que a aversão aos Britânicos se equiparasse à animadversão alimentada para com a Alemanha, ao ponto de o próprio interesse e posição da sua Pátria passarem para um plano de atrofia.
No fundo, algumas das suas qualidades, a fidelidade à outrance a amizades e aversões foram a grande limitação que o condicionou, na medida em que impediram a coerência da acção com os fundamentos teóricos de um pensamento poderosíssimo, o qual sempre tivera como fim a promoção da paz e coesão interiores e o poderio afirmativo (embora não-expansionista) na Política Externa.
Como, no fim, partindo da justa posição da solidez do Seu País na solidão num conflito mundial em que já não contava como força de primeira grandeza, deixando-se cair no que esse Pétain a que sempre continuou fidelíssimo evitou totalmente: transigir em que a aversão aos Britânicos se equiparasse à animadversão alimentada para com a Alemanha, ao ponto de o próprio interesse e posição da sua Pátria passarem para um plano de atrofia.
No fundo, algumas das suas qualidades, a fidelidade à outrance a amizades e aversões foram a grande limitação que o condicionou, na medida em que impediram a coerência da acção com os fundamentos teóricos de um pensamento poderosíssimo, o qual sempre tivera como fim a promoção da paz e coesão interiores e o poderio afirmativo (embora não-expansionista) na Política Externa.
2 comentários:
Obrigado pelo belo postal de homenagem ao Homem que eu tanto estudei (primeiro por influência paterna e da minha francesa avó, depois por vontade própria. Garanto que o meditei muito, e que ainda hoje - como teorizador da contra-revolução - me merece (sempre que possível) uma visita que é sempre enriquecedora e esclarecedora.
Pensava que já ninguém o recordava. Ainda bem que (mais uma vez) me enganei.
José Carlos
Meu Caro José Carlos,
não creio que haja maior teorizador politico com produção no Século XX. Uma obra de construção extraordinária, na tentativa de devolver a todos a reconciliação com o que os formou, bem com a impermeabilidade às convulsões das ideias fragmentárias e mesmo atomistas que, momentaneamente, vingaram, fazendo decair o Homem a um pálido decalque, de que se evidencia apenas o materialismo e a perturbação.
Circunstâncias, generosidade no combate e uma postura pouco dúctil no dia-a-dia, ancoradas na razão da sua percepção, levaram-no a um limbo de que a qualidade da obra fatalmente o fará sair.
Forte abraço maurrasiano
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