quinta-feira, 10 de abril de 2008

Na Vã Guarda da Língua

De Magritte

No documentariozito sobre a Maçonaria ontem emitido pela RTP1, nem foi o olvido das actas da organização sobre o Regicídio a efectuar o que mais me surpreendeu. Aquilino Ribeiro jura a pés juntos que as viu, mas certamente era um ventríloquo da Reacção e do Clericalismo. E o Dr. António Reis falava na qualidade de Grão-Mestre, não na de historiador, o que, como se sabe, muda completamente os factos.
Não, o que mais espécie me fez foi a salomónica, melhor dizendo, balsemónica designação os maçons e as maçonas. Maçonas? Huuum, os meus dicionários não andam na crista da onda, mas haverá algum que consagre o vocábulo? A meu ver é difícil, maçon não é dos galicismos integrados, só pode ser escrito com itálico ou aspas em jeito de disclaimer, a palavra em Português deu mação. E aí fez-se a luz: é claro que não se podia derivar o feminino deste último, já que a óbvia construção daria maçã. Ora, o «Genesis» arquetípico ainda deixaria no subconsciente das gentes a sugestão de que os iluminados visionários do Supremo Arquitecto são maus como as cobras...
Não, maçona justifica-se. Antevejo os sopapos que recolheria se dissesse a alguma amiga, mesmo refractária à identificação do semantismo induzido: sempre me saíste uma maçona... é que a fonética evoca a de maçada. E até por aí, até por aí...

20 comentários:

Tiago Laranjeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tiago Laranjeiro disse...

"Ceci n'est pas une pomme", nem mais!

Curiosa a encenação de ritual de uma estranhíssima obediência que mostraram lá... Ainda assim, achei curioso, porque não conhecia, a enorme semelhança entre o formulário da cerimónia deles e o da Liturgia actual.

cristina ribeiro disse...

Se o Paulo puser um verme a corroer a maçã....Não é esse o tipo de trabalho de sapa que por cá fizeram?
Beijo

Nuno Castelo-Branco disse...

Maçonas, essa é boa! Ou serão amaçonas? ehehehe...
Enfim, tudo o que me cheire a invocações de forças sobrenaturais, vendas nos olhos à meia noite e em locais sombrios, coisinhas bordadas (sejam elas aventais, naperons ou almofadinhas para o tablier do carro), é uma seca! E ainda por cima, se vão repescar Akhenatonices mais que passadas. Sinceramente, nunca fui religioso, mas não condeno. Não tenho é paciência. Bah!
Supremo Arquitecto? Dos actuais? Para os jardins temos o Ribeiro Telles, porque quanto ao resto, bem...

Anónimo disse...

Massona era el Obispo de Mérida amigo del Dux Lusitanio Claudio al que quería asesinar Segga en la Conspiración de Mérida........

ana v. disse...

Nunca se lembre de chamar-me maçona, Paulo... nem com toda a delicadeza do mundo!
Bjs

Anónimo disse...

Hahahahahah!!!!
ahahahahahaha!
Hahahahahah!
Hahahahahah
Hahahahahah!!!!
ahahahahahaha!
Hahahahahah!
Hahahahahah

Desculpe, Não consigo flar, digo escrever hahahah

Se eu pasar mal, responsabilizo o Réprobo, ah! sim!
beijos

O Réprobo disse...

Meu Caro Tiago Laranjeiro,
Aquilo é a confusão habitual ds ritos que serve para legitimar ambições de poder e más acções. Vale tudo, desde ligação às Pirâmides, remissões para gnoses e alquimias, "vinganças templárias", sabe o Diabo mais o quê! Claro que a camuflagem perfeita assenta em formalismos de que as pessoas não desconfiem, olhe se publicitassem algum decalque do beijo no posterior que se imputa aos momentos da Ordem do Templo imediatamente anteriores à perseguição...
Abraço

O Réprobo disse...

É bem verdade, Querida Cristina. Uma coisa que me deixou absolutamente completamente foi a cabeça da loja falar no seu golpe de "malhete". Parece cópia de filmes que punham os juízes a dar marteladas, mas, hoje em dia não se vê senão nos leiloeiros. mesmo assim é branqueamento, tentar fazer-se passar por disponibilizadores de obras de Arte, quando não se impinge coisa outra que fancaria.
Beijo

O Réprobo disse...

Meu Caro Nuno,
eu ainda pensei numa versão redentora, assim tivesse o jornalista falado em "Moçonas"...
A aventalice é um folclore sem a legitimidade do tempo, do genuíno e da alegria. É maneira de muito incauto se conferir importância, como um dos "poucos detentores de um segredo" reportado às míticas Constituições de Anderson. E de meia-dúizia de espertalhões sem escrúpulos utilizarem essas vaidades estimuladas para fins dúbios.
Ai meu querido Pina Manique!
Abraço

O Réprobo disse...

Meu Caro Filomeno,
com um anagrama e uma pequena supressão, é sumamente tentador aplicar a respeito deste triste tema essa ligação a... Mérida!
Abraço

O Réprobo disse...

Querida Ana,
"estou siderado pelo medo e pelo espanto!", citação shakespeareana do Frank James segundo Morris, que ilustra temor paralisante emergente da ameaça e o quão atónito me deixa imaginar-me capaz de semelhante impropério!
Beijinho

O Réprobo disse...

Querida Meg,
ora, o riso regenera e permite ultrapassar as maleitas! Espero mercer um niquinha de crédito na derrota dos padecimentos recentes...
Beijinho

Bruno Santos disse...

"Maçon", do francês, deu "mação", pela mesma via que "édredon" deu "edredão". Quando se verteu o vocábulo para Português ainda não se ouvira falar decerto em maçonaria feminina. O plural de mação é mações. Em quanto ao feminino da palavra, põem-se várias dificuldades. "Maçona", de facto, como escreves, soa mal. "Maçã" também não colhe porque é o fruto da macieira. Há quem proponha "maçónica", que tanto pode ser adjectivo ("mulher maçónica") como substantivo ("uma maçónica). Eu, sempre na vanguarda, proponho "maçaneta". Passaria a haver o mação e a maçaneta, para abrir as portas do Templo e espanejar a Loja. Digo: «A Maria Belo é uma rica maçaneta» — e dito isto assim creio que não há maçaneta que não se orgulhe de pertencer à Franco-Marcenaria.

O Réprobo disse...

Meu Caro BOS,
Hahahahaha! "Maçaneta" é um Achado, até porque está sem masculino evidente e porque "maçónica" seria o feminino de "maçónico". A referência à Maria Belo é de acuidade a toda a prova e vou trazer à colação uma ligação familiar dela.
Abraço amigo
Queridos Amigos, tirai ilações deste episódio, convém sempre consultar especialistas, desde que não estejam envolvidos em negociações de línguas, como os académicos do Acordo Ortográfico.

ana v. disse...

Aqui fica o LOL da praxe. Para si, Paulo, pela resposta pronta, siderada e paralisada (eu não sabia que podia ser tão intimidante, afinal não é só a Cameron...), e também para o BOS, que me fez rir descontroladamente a ponto de ter várias pessoas (no escritório) a olhar-me fixamente, com medo que eu tenha enlouquecido de vez.
"Maçaneta" é mesmo um achado, até porque mostra bem a diferença na delicadeza das mulheres ao abrir as portas do Templo, por comparação aos homens, que se propõem abri-la a golpes de... "mação"!
Belíssima resposta, BOS!

O Réprobo disse...

Querida Ana,
aquele "nunca se lembre"...

Ehehehehehe, fico deliciado a imaginar os outros ocupantes do escritório a espreitarem pela porta a Sua sanidade mental, momentaneamente, para eles, duvidosa..

O BOS é genial, nestas como noutras coisas. Lembra-se da notícia que dei na «Porta do Vento» acerca do relator que dizia confortar em vez de felicitar? Pois, em cima do acontecimento, o mesmo Confrade e Amigo produziu um genial comentário em «O Misantropo Enjaulado».

Para malhar mais um bocadinho, o problema da conclusão é que só no papel chega a mação quem não empunha senão malhete...
Beijinho

cristina ribeiro disse...

Maçaneta :) :):)
Genial, mesmo!
Beijo

Anónimo disse...

Maçaneta é diminutivo meio afrancesado de maçã. Ainda assim me aparece demasiado (por respeito à maçã, não pelo afrancesado) para as marias belo. Se já temos masculino e se já temos plural porque não fazer lojas mistas, decretando o grão-mestre o fim do género. Não será esse o valor supemo que levou as Marias Belo a voltar ao avental?
Mas até lá ponha-se um cabo às maçanetas que sempre pode ser preciso distribuir algumas bengaladas.
Cumpts.

O Réprobo disse...

Ehehehehehehe! Meu Caro Bic, pois eu ainda pensei no substantivo como comum de dois. Mas parece que é politicamente incorrecto, desde que não seja sugerido pelas tais puxadoras...
Abraço