terça-feira, 8 de abril de 2008

Falta de Jeito Trágica

Eduardo VII e o Presidente Loubet, aquando do entendimento entre os seus Países

Posted by Picasa
A 8 de Abril de 1904 assinava-se entre Londres e Paris um realinhamento das alianças europeias que precipitaria a Primeira Guerra Mundial, com o inerente fim de um Mundo e o desastre de que ainda estamos a pagar as favas. A culpa foi inteirinha de Guilherme II, o qual, obcecado por ser maior do que Bismarck e tudo fazer ao contrário dele, depois de ter alienado a Aliança Russa da Liga dos Três Imperadores, resolveu hostilizar ao mesmo tempo a Inglaterra, planeando uma frota que rivalizasse com a Britânica, e a França, arvorando-se em protector da independência marroquina, contendento com as aspirações gaulesas ao protectorado. Assim, reforçava a tendência natural do Rei Inglês que tão bem se sentia em Paris, desperdiçando a vontade de entendimento com a Alemanha de Joseph Chamberlain e malbaratando a animosidade francesa contra a Albion, expressa pouco antes no entusiasmo popular de apoio aos Boers. A mania de dar nas vistas e levar o Império Alemão para terrenos que não eram os seus revelou-se um desastre: mandando canhoeiras para o Mahgreb, sem nada ter para a troca, permitiu a aproximação daqueles que o tinham. A França, com o oportunismo patriótico de Delcassé, prescindiu de reivindicações no Sudão, em troca da mão livre que o Governo de Sua Majestade lhe concedesse no território marroquino. Breve o caso seria agravado, com Vítor Emanuel III a ascender ao trono Italiano, cheio de vontade de se afastar da Áustria tradicionalmente inimiga do Piemonte e com vontade de fazer permutas semelhantes, interesses sudaneses pelo reconhecimento da exclusividade na Tripolitânia. Aos desertos territoriais abrangidos correspondeu o deserto de bom senso do Prussiano imprudente. A Europa deve-lhe o declínio e o Seu País desgraças maiores.

9 comentários:

Anónimo disse...

Sabia decisión lusa de "desconectarse" de Marruecos tras las cesiones de Ceuta y Mazagao.......

Anónimo disse...

Marrocos ? ¡Pr´o gato! (Expresión muy escuchada en mi infancia)........

cristina ribeiro disse...

Faltou-lhe a lucidez que vejo nesta análise, mormente nas consequências que assaca à falta dela no imperador.
Beijo

O Réprobo disse...

Meu Caro Filomeno,
mesmo assim, Mazagão só foi abandonada com Pombal, em 1769, tendo servido como presídio.
Abraço

O Réprobo disse...

Querida Cristina,
com efeito, a Entente Cordiale, que é aquilo que o post trata, foi muito empurrada por uma inconsideração que Emil Ludwig atribuiu à tentativa de superar o complexo de um braço aleijado. Tenho sempre muitas dúvidas quanto a estas atribuições psicologistas, mas o certo é que o Próprio Kaiser a confirmou, no fim da vida.
Obrigado pelo elogio.
Beijo

ana v. disse...

Conseguiu baralhar-me com tanta informação histórica, Paulo! Por isso limito-me a dizer: triste efeméride, a de hoje.
Um beijo
(estou a brincar, espero que não se zangue)

Bic Laranja disse...

Muito boa interpretação. Cumpts.

O Réprobo disse...

Querida Ana,
se (Se) baralhou, não tardou a tornar a dar. Zangar-me? Então porquê? Atentas as consequências, não já o mero facto, faço coro Consigo.
Beijo

O Réprobo disse...

Muito obrigado, Caro Bic. Quem dera que não tivesse havido margem para conclusões destas! Abraço