Visto de Fora
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Paralelamente, dá-nos pontos de vista interessantes
- sobre a macabra questão de Wyriamu, acentuando serem os autores das mortes forças indígenas com um quase inexistente enquadramento de oficialidade da Metrópole, o que raramente é sublinhado, deixando no ar a possibilidade de conflito tribalista na sua génese. A reacção diplomática, de solicitar ao Governo de Lisboa que assumisse as suas responsabilidades, foi completamente diversa do tom grandiloquente da campanha de imprensa.
- salienta a autorização dada a Soares, indiciado de crimes de traição, de vir a Portugal, sem ser molestado, assistir aos funerais do pai, coisa que nenhum regime totalitário, a começar por muitas Democracias, faria com facilidade.
- dá conta de que a oposição à guerra de África grassava sobretudo numa burguesia pouco disposta a põr em perigo a pele dos filhinhos. Diz expressamente que nas famílias humildes o sistema de pagamento do soldo, metade ao recrutado, a outra à família, era vista como uma fonte de rendimento alternativa à emigração, apenas com dose de risco maior, o que, acrescento no epírito do passo citado, não assustava gente dura, habituada a perdas de colheitas e outras catástrofes.
- mostra como a aclamação popular dos libertadores do Carmo tinha tido equivalente ainda mais concorrido na saudação a Marcello, às antevésperas do golpe.
- num parágrafo memorável sobre Caetano, conclui que a sua vontade não estava à altura da sua inteligência. O que, na seráfica linguagem das chancelarias, quer dizer era um incapaz para a função.
Lá que merecia o livrinho em devida forma, merecia.
1 comentário:
fanado???...
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