sábado, 19 de abril de 2008

Dedos Apontados

Infelizmente, só se conseguiria eliminar a corrupção, extinguindo o desejo, na impossibilidade de preencher todos os lugares de influência com uma avaliação conhecedora, segura e de imutabilidade garantida nos apreciados. Mesmo a abolição do dinheiro não chegaria, há sempre outras apetências, sexo, honrarias, o que for.
Assim, pode minorar-se, apenas, esta chaga. E o remédio é conhecido há milénios, aplicável a todos os crimes e, nas suas duas modalidades, assente no medinho a incutir nos potenciais infractores: ou uma polícia muito eficaz, ou penas muito duras. Eu diria que o ideal seria combinar ambas.
Não é o que se passa em Portugal, com quem sabe fazê-la a rir-se quase sempre das investigações e verificações, ou, quando descoberto, com os julgamentos que não andam e acabam, depois de muito palavrório, em penalidades irrisórias, sendo tanta vez, se a cominação envolve prisão, suspensas.
O que de todo se não deve fazer é os responsáveis por um e outro destes meios acusarem o restante da culpa do caso. Mero sacudir da água do capote que não fará mais do que assemelhar a situação à da Rússia deste trabalho de Mikhail Zlatkovsky, em que muitos dos que parecem mais afastados da tentação ficam num estado de vulnerabilidade que bastante favorece os que visam corrompê-los, seguros da respectiva impunidade.
À Superior Consideração da Senhora Procuradora-Geral Adjunta e do Ministro Costa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Na figura parece haver mais uma esmola que um suborno.

O Réprobo disse...

O Caro Rudolfo acha mesmo o doador capaz de uma prestação desinteressada? Não seria negar-se?
Ab.