sexta-feira, 4 de abril de 2008

O Misoteísmo Encartado

A Apoteose de São Pedro por Il Baciccio

A verdadeira Fúria anti-católica que tomou o nome de pluma de Fernanda Câncio insiste em tentar jornalisticamente marcar a agenda do anti-clericalismo revivescido pelo PS socraticamente liderado, ao aventurar-se no que muitos outros ensaiaram antes, com comprovado insucesso - fazer das Religiões todas iguais mistelas subsidiárias restringidas ao recato.
Esta obsessão, tudo menos inocente, que capciosamente tenta confundir teocracias com presença pública e simbólica e vai desde truques tão falaciosos como pôr no mesmo plano a Fé que fundou o nosso País e aquela em combate contra a qual ele se fortaleceu, acaba nas ridículas mas erosivas agressões de retirada dos crucifixos escolares, eliminação da naturalidade dos convites aos Bispos do Protocolo de Estado, concessão de horas televisivas cada vez mais paritárias, por aí adiante.
É evidente que não se tem em conta a vinculação cultural ao Catolicismo da maioria dos Portugueses e que se pretende o mais possível remeter a religiosidade para práticas privadas, ao contrário dos desfiles das sexualidades alternativas, sempre celebrados como uma saudável afirmação.
Esta inconsideração da Tradição, como da relevância numérica das vinculações, obriga a concluir que a articulista é democrata, não no sentido de querer como base do poder o Demos, mas no de pretender nesse lugar o Demo. E se para este vai sendo bom remédio a água benta, para a sua apaniguada convém a denúncia pública.

2 comentários:

Anónimo disse...

Na minha opinião, o anti-catolicismo primário, de tão ridículo, não precisa de comentários.
No entanto, creio que a posição dos católicos (como eu) não deve, de modo algum, passar por identificar ou aproximar a sua fé da cultura ou da tradição. É verdade, claro, que a História da nossa Pátria está intensamente ligada ao catolicismo. É verdade, também, que o que hoje se chama "cultura" está mergulhado no catolicismo e nos seus rituais, práticas, etc. Mas os católicos devem estar-se nas tintas para a cultura, os rituais e as práticas enquanto tais ("os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade" - Jo. 4, 23). Trata-se de manifestações infinitamente insignificantes de algo muito mais importante que, isso sim, define os católicos.
Nós temos que nos habituar a que, neste momento "vivemos no exílio". O nosso país não quer ser um país católico. Ponto. Se não quer, não tem sentido convidar os bispos, exibir crucifixos nas escolas, etc. Convidar por convidar ou por tradição, exibir por exibir ou por tradição: Não! É preferível que não o faça. Sobretudo para nós: obriga-nos a reflectir sobre o que é importante e peneira a turba que se diz católico por tradição ou por cultura.
As pessoas ou se convertem ou não se convertem. A nossa missão é convertê-las. E não pedir-lhes que façam coisas que só têm sentido no pressuposto da conversão (ou como "cultura", o que é aviltante paa nós).

O Réprobo disse...

Querida Rosarinho,
com certeza que ninguém quererá uma pletora de formalidades no lugar da Fé. Mas um poder que insiste em não reconhecer a verdade, em não tratar o desigual desigualmente, trai a sua, mesmo que ficcionada, legitimidade. O País não quer ser Católico? Não sei. Não tem dado mostras de querer ser bom Católico, é certo, mas o que encontro na maioria das pessoas com que contacto é um comodismo e propositada desatenção aos deveres, mais igual desaprovação da hostilidade ridícula que pretende confinar o sentimento religioso que é património comum.
Talvez voltar às catacumbas incentivasse o fervor. Mas o respeito à Herança Política de que, indignamente, somos depositários não nos deve permitir enveredar por essa opção calculista.
Beijinho